junho 25, 2011

Défice português não é conjuntural

Sócrates e o PS sempre defenderam que o défice era conjuntural: a crise internacional era a verdadeira responsável. 

Hoje, como sempre se afirmou, a OCDE vem afirmar que não é assim

Era, na realidade, mais uma ilusão socialista, criada pelos luises do "fico melhor assim ou assim?". Felizmente, os portugueses não foram mais com o cantar das cigarras...

junho 24, 2011

O que se quer? Produtividade nacional ou individual?

Fixados no sebastianico crescimento económico, alguns economistas e comentadores da nossa praça vão propondo mais horas de trabalho (mas o mesmo salário) para garantir mais produtividade. E assim, confundem produtividade individual com produtividade do País. Bem como produção com transacções...

Não consideram que poderá ser preferível pagar menos (pelas mesmas horas de trabalho)  e, assim, poder empregar mais, reduzindo os custos sociais com os desempregados, que são também significativos e incontornáveis para a (necessária) estabilidade social que é determinante para que se possa - mesmo - produzir.

A produção nacional não crescerá com aquela medida (mais horas de trabalho). Afinal, há muito potencial de produção (trabalhadores desempregados) que está disponível… 

Se hoje não se produz é por outras razões: os produtos não têm preço concorrencial ou espaço no mercado. Externo e Interno. Daí a relevância da baixa (ou eliminação) da TSU. Daí  a importância de suportarmos o nosso Estado Social através dos impostos sobre o consumo e nunca criando "peso acrescido" nos bens e serviços que produzimos. Pois, desta forma, os mesmos perdem quota e capacidade concorrencial no confronto com a produção externa...

O caminho certo não passa por aumentar o tempo de trabalho individual. Mas sim por flexibilizar o mercado de trabalho. Facilitando o processo de emprego-desemprego. Pois cada vez se emprega menos por razões que se prendem com a dificuldade em desempregar.

Finalmente, estamos numa encruzilhada: o mundo desenvolvido inicia uma regressão económica incontornável. Mas que pode ser controlada (ou não). Os primeiros a enfrentar o problema foram os países mais endividados. Que foram condenados pelos mercados a parar o endividamento e a iniciarem o desbaste da dívida soberana num ambiente económico adverso. Mas não é adverso momentaneamente. Será adverso por décadas...

E, tudo isto, enquanto os EUA se aguentarem. Pois, quando chegar a vez do colosso americano iniciarem o mesmíssimo processo que enfrentamos, tudo o que vivemos parecerá uma brincadeira.

A verdade é que há muitos chineses a aguardar a sua vez, de terem uma pequena parte do que nós usufruímos há muitas décadas…

junho 23, 2011

Mário Nogueira e o sindicalismo docente face a Nuno Crato

Conhecido o nome de Nuno Crato como novo ministro da Educação, logo Mário Nogueira veio a público com os seus “avisos à navegação”.

Avaliação e Desburocratização

Nada de mais:

Quanto à avaliação docente, o usual. Vão passando a mensagem que querem ser avaliados, mas negam e renegam todos os modelos que lhes são colocados à frente. Obviamente não querem avaliação nenhuma. Quanto a isto, tudo dito.

Quanto à desburocratização do trabalho do docente, para além da que deriva dos modelos de avaliação, até poderemos concordar. Quanto menos melhor, para que os professores se possam dedicar mais a … ensinar.

E a solução é simples. Desde que se introduza uma nota prévia: os tempos que correm não estarão para quem queira trabalhar menos ou a ganhar mais. Mesmo quando há força de grupo e sindical, para entrar nessas guerras. Pois não há moral social compatível com esse processo reivindicativo. Principalmente quando os docentes portugueses apresentam níveis remuneratórios relativos muito para além dos seus colegas de outros países.

Haverá, sim, lugar a uma luta por não haver despedimentos e recuos remuneratórios. Mas, face à situação económica do País, isso deve ser atingido com base e por troca de mais trabalho e mais produtividade.

Os professores terão burocracia de mais no seu trabalho.

1º Avalie-se essa burocracia: é toda necessária? Se sim mantenha-se, se não, elimine-se.
2º Poderão outros (funcionários administrativos) fazer esse trabalho?

O trabalho administrativo necessário que possa ser feito por um funcionário administrativo passaria para este.

A cada 5 professores seria alocado um funcionário administrativo. Para executar essas tarefas. Em troca (como se escreveu atrás, menos trabalho é coisa impossível de decidir nos dias de hoje) os docentes, libertos daquelas funções administrativas, assumiriam mais umas horas de aulas semanais. Mais 4 horas.

Claro que o resultado final poderia ser de menor agrado sindical. Pois, dessa forma, o trabalho administrativo que estava nas mãos de docentes passará para as mãos de outros. O que terá um efeito global de redução de trabalho concretizado por docentes. Ou seja, serão necessários menos docentes ao sistema.

Pelo que, para os sindicatos, apesar de responder às suas exigências, será mais uma medida a … combater.

junho 22, 2011

Avaliação Docente: serve para coisa alguma?

NÃO À AVALIAÇÃO SIM À SERIAÇÃO

Para quê a avaliação?
Será esta importante e essencial?  

Todos dizem que sim, com vista à criação de condições para que se possam apurar e premiar os melhores professores, motivando-os a continuar o bom trabalho. Mas também incentivando os restantes à melhoria (que é premiada) objectivando efeitos e mais produtividade no sistema originando mais e melhor educação. 

É preciso clarificar que não ser premiado (promovido) não é ser castigado (despromovido). Apesar dessa ideia ser um dado adquirido e transversal na corporação docente. Sem dúvida que é necessário separar o trigo do joio e, se possível, a prazo, transformar (algum) joio em trigo. Claro que os sindicatos não gostam disto. Porque ao fazer a separação, para além de se distinguir os bons, se vão revelar os medíocres… 

Todos dizendo que querem ser avaliados. Mas, simultaneamente, vão recusando todos os modelos. E não apontam para nenhum que seja aceitável. E dizem mesmo, com a maior das convicções que, antes, já eram avaliados. Mesmo quando todos - sem excepção - eram (muito bem) avaliados,  sendo o Muito Bom a avaliação média.  

Actualmente, as chamadas questões economicistas estão em cima da mesa. Afinal, a troika impõe cortes substanciais nos custos com o sistema. Serão quase 200 milhões de euros em 2012. Ora, como reduzir despesas num sector onde 90% das mesmas respeitam a remunerações de pessoal? 

Sabendo que, neste momento, não adianta lutar por mais rendimento e menos trabalho. Porque neste momento, mesmo havendo força (sindical), não há moral (social) para lutar nesse sentido. Afinal é em Portugal que a economia, no seu todo, mais se esforça para pagar os seus professores.

Progressões para todos sem distinção (como antes) obrigavam a remunerações de docentes absolutamente inauditas (em função do PIB nacional) no conjunto dos países desenvolvidos.



Assim, precisamos de algo (um instrumento) que ordene os professores a fim de se poder premiar (com progressão na carreira) os melhores professores. Nesse processo, os piores não são castigados (não regredirão) mas não serão premiados (não progredindo). Assim o prémio dos (melhores) docentes seria a progressão na carreira. Com os melhores premiados e os docentes razoáveis a trabalhar para lá chegar, teremos, nas Escolas um ambiente propício para a melhoria. 

Será que, para isto, é necessária uma AVALIAÇÃO? Saber se os professores são BONS, EXCELENTES ou MUITO BONS? Ou MEDÍOCRES (pois a curva de Gauss inclina-se para os dois lados). 

A minha resposta é : NÃO. 

A avaliação docente é difícil, complicada e, verifica-se todos os dias, extremamente penalizadora para os avaliados e para os alunos (os professores estão distraídos com outras coisas que não o ensino). São papeis, reuniões, fiscalizações, aulas assistidas, mapas, orientações, relatórios, quadros, listas, reclamações, afixações, publicações, etc. A avaliação é difícil, também, pelos factores próprios da actividade. A parte quantificável é curta. E grande parte do trabalho é feito muito “isoladamente” (em sala de aula). Não há um “superior” com quem se trabalha directamente. E não é fácil determinar "avaliadores" credíveis e aceitáveis pelos avaliados. 

Não haverá outra forma para valorizar os melhores e só a estes atribuir o prémio de progressão? Sim. Há. E não é outro modelo de avaliação. É a seriação. 

PROPOSTA


Considerando uma carreira de 40 anos, mantendo-se, ao longo dos anos a “transformação” de parte do tempo de trabalho (horário) lectivo (actividade lectiva) noutro tipo de actividade a concretizar na Escola, cria-se um objectivo de chegarem ao topo da carreira, no final daquele período, 1/3 dos docentes. Com essa base, seria fácil de montar o seguinte sistema (de 9 escalões):

(1)Todos os docentes, na entrada da carreira, estão no escalão 1. Antes disso, estarão numa fase prévia, de 4 anos, contratados. Todos os anos, as Escolas avaliarão todos os seus docentes contratados e terão que descartar (não renovar contrato) a 25% dos referidos, a fim de abrir lugares para novos candidatos.

(2)Todos os docentes promovidos num ano estarão 4 anos sem poderem repetir a progressão (haverá uma situação excepcional). Um professor que progrida de 4 em 4 anos chegará ao 9º escalão em 36 anos. O que será só para alguns. Esses, atingirão as remunerações máximas, antes da reforma.

(3)Sobre-formações não aceleram progressões. Está comprovado que um doutorado não é forçosamente melhor, na função docente, que um licenciado. Os docentes mais formados terão que traduzir essa situação de mais formação (hipoteticamente mais vantajosa) em qualidade e quantidade de trabalho.

(4)Haverá progressão anual (de escalão) garantida, para 33% dos professores de cada agrupamento/escola em condições para tal. Cinco por cento destes (os melhores dos melhores) obtêm uma bonificação: o período mínimo no escalão que se segue é reduzido num ano (de 4 para 3 anos).

(5)Na mudança de agrupamento/escola, a contagem no período para progressão reinicia-se. A progressão é um prémio da (daquela) escola face ao trabalho feito na (naquela) escola.

(6)Aquela taxa (33%) é mínima e cada agrupamento/escola poderá ser bonificada em alguns pontos percentuais (até 40%, no máximo) por conta de subidas nas listas anuais referentes às provas aferidas e exames nacionais dos seus alunos. As descidas nesses rankings provocarão descidas da taxa anual referida até ao mínimo de 26%. A manutenção mantém a taxa no valor do ano anterior. Este mecanismo será suportado por dados quantificáveis e simples de obter.

(Poderá - ou não - haver listas de promoção de docentes separadas por níveis de ensino)


(O número de progressões a concretizar na Escola/Agrupamento, em cada ano, será o resultado arredondado para o inteiro superior, havendo acertos face a esses arredondamentos, de três em três anos, em que o resultado – de um acerto - poderá ser o inteiro inferior)

(7)Caberá às escolas/agrupamentos concretizar e chegar à lista anual ordenada dos seus docentes (em condições de progressão).

(8)Para além daquele prémio directo, serão promovidos todos os docentes que, em condições de promoção, somem 8 anos alternados ou consecutivos em posições na primeira metade da lista anual ordenada naquele agrupamento/escola.

Lista de docentes ordenada. Como lá chegar?

Cada Escola determinará as suas formas. O ME apenas indicará alguns items, dos quais, um ou dois obrigatórios e com um número mínimo a considerar. As escolas poderão, assim, escolher aqueles que mais se adaptem à sua escola e, até, propor outros que o ME poderá validar e juntar à lista de opções.

Aquela lista deverá ser interna. E dela ser retirada a lista de docentes a promover. Sem qualquer necessidade de classificar ninguém.

ITEMs DE AVALIAÇÃO

Podem ser muitos. Como atrás indicado, uma lista a sugerir pelo Ministério, à qual cada escola pode acrescentar os seus. Uns serão melhores que outros. Todos com contras, mas também com prós. Os aqui indicados ou outros quaisquer. Nenhum dos aqui indicados, mas outros quaisquer.

1)Escolha por votação secreta por parte dos elementos do conselho pedagógico. Cada elemento do conselho escolheria os 3 docentes que considere mais merecedores da progressão. Os X docentes mais nomeados teriam 1 ponto.

2)Escolha por votação dentro do grupo pedagógico do docente. Idem.

3)Escolha por parte dos funcionários da escola. Idem.

4)Pelos pais, pelos alunos. Idem.

5)Os X professores com menor número de faltas (justificadas ou não) teriam 1 ponto. Nesta matéria há considerar o ponto de vista da produtividade (quantitativa).

Aqui não há que avaliar pela qualidade (resultados). Esse item liga-se à Escola e reflecte-se no aumento das vagas de promoção. Aqui há que escolher os melhores, do ponto de vista da comunidade educativa onde estão inseridos.

No início poderá se dar o caso de se gerarem grupos (de qualquer génese) onde uns votam nos outros distorcendo os objectivos de escolher os melhores. Mas gradualmente se aperceberão que a Escola (e eles) no seu todo, perderão com isso. Pois menores resultados por parte da Escola origina a redução das quotas de progressão. E o sistema se ajustará por si só. Afinal, se a Escola não subir no ranking anual, as vagas de promoção serão mínimas.

Remanesce a questão dos maus professores. Esses, como é evidente não serão nunca promovidos e rapidamente entenderão não estarem no lugar certo... Pois o escalão 1 terá que ser pouco atractivo, o suficiente para motivar a saída daqueles que por lá se demoram. Dando lugar a outros, melhores, à espera de vaga (vagas que serão cada vez menos) no sistema.

Assim, pode não ser necessária - mesmo - a avaliação. Os seus objectivos atingem-se de uma forma muito mais simplificada. Não se pretende grande cientificidade nesta opção. Pois não se pretende mesmo avaliar cada um, apenas encontrar aqueles que, em cada ano serão premiados. Leia-se, promovidos.

Exportações versus Concorrência - efeitos da baixa da TSU

Dizem uns “entendidos” que das 300 mil empresas relevantes no nosso País, só 30 mil são exportadoras. E que se limitariam a estas os efeitos positivos da baixa da TSU. Pelo que a baixa da TSU seria uma acção pouco cirúrgica.

Errado. 

Também as empresas não exportadoras concorrem com bens e serviços produzidos externamente. E fazem-no no mercado português, entre portas. 

É inadmissível não se entender que estas empresas, também, precisam de condições concorrenciais para disputar o mercado nacional. Um euro que não se importa, é igual a um euro que se exporta. Completamente igual, nos efeitos e nas consequências (emprego, défice e dívida).

Por outro lado, os custos sociais dos empregadores limitam o emprego. E precisamos de criar condições para que empregar não continue a ser uma prisão para os empresários.

Mas a baixa da TSU, até para as empresas e para os consumidores dos bens e serviços não transaccionáveis, será positiva. Pois permitirá que os portugueses (a ganhar menos e a pagar mais impostos) se possam manter à "tona de água", a consumir nacional e um pouco mais barato. Também para estas empresas é importante reduzir custos de produção.

Um rol de razões, para além dos benefícios na exportação...

junho 17, 2011

TSU inferior / menos despesas sociais

É recorrente, nestes dias, a avaliação do que pode fazer o País para evitar a bancarrota, decretada por muitos analistas, na sequência do processo grego.

Como alterar as coisas? 

Tem sido muito badalada a descida da TSU. Na prática, reduzir os custos da produção nacional através da redução das receitas sociais (a aplicar em despesas sociais).

Uns falam numas décimas, outros em 4% aplicados gradualmente. Outros em 4% de uma só vez, em 16% e até 20%. E se a maioria considera importante a medida, outros divagam: como compensar as receitas da Segurança Social? Através do IVA intermédio ou do IVA na generalidade?

Mas compensar como? E porquê? Será que não se entendeu o que quer dizer viver com menos? Mudar de vida? Viver pior alguns anos porque noutros se gastou mais do que se tinha? Anos de vacas magras? Anos de formiga após os anos das cigarras?

É que poucos (ou nenhuns) tocam no cerne da questão: que tal pensar que não podemos manter o actual nível de benefícios e apoios sociais?

Pois é. Reconhecendo esse facto, é só desembrulhar a trapalhada que se criou nos últimos anos: se o Estado Social se ajustar às possibilidades reais da nossa Economia (o que significa passar a ser mais pequeno), pode ser que a Economia recupere e volte a produzir (mais tarde) a riqueza necessária para uma futura (maior) redistribuição social. 

Ou seja, se se reduzem os níveis de redistribuição social, passa a ser admissível uma menor receita para esses mesmos efeitos. O que potencia, por si só, a descida da TSU.

junho 16, 2011

Reestruturação, crescimento ou superavit?

É recorrente, nestes dias, a avaliação do que pode fazer o País para evitar a bancarrota e a consequente necessidade de reestruturar a dívida (com "hair cut"), já considerada por muitos analistas, como a situação mais provável, na sequência do processo grego. Já se leu que apenas um crescimento económico de 8% evitaria aquele desiderato.

O crescimento e a produtividade são os factores mais determinantes, para a maioria dos entendidos que vão "botando" palavra...

Ora, nesse enquadramento opinativo, alguma coisa não está bem. O crescimento (do PIB) nada dos diz e nada nos garante quanto ao pagamento da dívida que temos. A verdade é que podemos crescer muito e manter os défices que nos provocam (e provocaram) a dívida. O crescimento, por si só, não é determinante.

O que é determinante é o défice. Ou os défices. Esses sim, têm que desaparecer. E o mais rapidamente que for possível.

O défice é a diferença simples entre dois valores: receitas e despesas. Se é verdade que, crescendo economicamente, teremos as receitas aumentadas, a verdade é que nada nos diz quanto às despesas. E esse tem sido o nosso erro nos últimos anos. Tanto se procurou o crescimento, que acabamos por nos empenhar (no exterior) para garantir o referido. Sócrates seguiu essa via (que lhe daria tanto jeito nas eleições de 2009) para procurar esse crescimento (sebastianista). O resultado é o conhecido.

O mais importante é entendermos que não temos forçosamente de crescer. Pelo menos a partir do ponto (nível de vida e dimensão do estado social) actual. Até porque se assim fosse, tudo estaria perdido. A verdade é que temos é que gastar menos, de uma forma equilibrada, em relação à riqueza produzida pela nossa economia, de onde uma parte é (e pode ser) liberta para redistribuição social.

Se assim não fosse estaríamos “fritos”. A verdade é que o crescimento (nos Países desenvolvidos) já é um mito que apenas subsiste na boca dos economistas. É um sebastianismo puro que não vai acontecer. Pelo que vamos mesmo que ter de pagar o que devemos num ambiente de recessão económica. E isso só se faz produzindo mais e consumindo menos. E, ao consumir, assegurando que se faz com base nos bens e serviços de origem nacional.


E, tudo isto será válido, enquanto os EUA se aguentarem. Pois, quando isso deixar de ser possível, tudo o que vivemos parecerá uma brincadeira. Infelizmente para todos nós (nos países desenvolvidos) há muitos chineses a aguardar a sua vez para usufruírem de uma pequena parte daquilo a que nos habituamos nos últimos decénios. E já não estão dispostos a esperar muito...


Muito mais a ler, aqui:

junho 10, 2011

Cavaco: foi cirúrgico em Castelo Branco

Tocou nos pontos fundamentais:

O reequilíbrio da balança agro-pecuária. A sustentabilidade alimentar (até onde for possível). Nestes pressupostos, a revalorização do Interior. Também falou das Forças Armadas...
Faltou apenas a energia, para reunir todos os paradigmas de futuro de um (qualquer) país desenvolvido. Tocou na essência de uma Sociedade Sócio-Liberal numa Economia Global-Local.

O princípio e a base de uma  Existência Sustentada numa Nova Sociedade .

junho 09, 2011

Francisco Cigarra Assis candidato (de continuidade)

Francisco Assis apresentou-se ontem como candidato à liderança do PS. Terá enormes dificuldades em se descolar de Sócrates. Afinal foi um dos de Matosinhos. Líder parlamentar e dinâmico participante na defesa e campanha marqueteira socratiana.

Nesse aspecto, António Seguro poderá ter alguma vantagem. Apesar de poder ser uma versão 2 de Guterres...

Terá do seu lado os tubarões socialistas que tiveram anos a engolir os sapos socratianos... A não ser que estes, vendo a coisa a pender para outro lado, sigam a corrente...

Voltando a Francisco Assis, foi interessante ouvi-lo admitir que a Europa se estaria a desfazer e que os europeus se estavam a virar para opções perigosas, liberais e à direita.

Não o ouvimos dizer que - em quase toda a Europa - a situação se desenvolveu e chegou ao ponto actual com socialistas no governo. E que, infelizmente, foram os países que mais teimaram no socialismo e que tarde inflectiram noutra direcção, que estão em piores lençóis...

Dias difíceis para socialistas e para a esquerda. As populações europeias estão a entender (nos EUA parece que querem passar por essa provação de que estiveram sempre alheados) que a direcção correcta é outra. E que, mesmo o anterior ciclo de formiga-cigarra-formiga (uns trabalham para depois outros retirarem a pressão, voltando os primeiros quando o descalabro se reaproxima) já não se apresentar como solução ou possibilidade viável. Os tempos difíceis obrigam a gestões públicas sérias e duradouras.

Estaremos a chegar ao primado definitivo da formiga?

junho 08, 2011

Recessão de 2,1% em 2011 e desemprego nos 13,4% em 2012


"Os técnicos do Fundo Monetário Internacional estimam uma recessão de 2,2% este ano e de 1,8% no próximo em Portugal e preveem que o desemprego passe de 12,1% este ano para 13,4% em 2012.

No documento, datado de 17 de maio e divulgado no site do FMI na terça-feira, e no qual é feita uma avaliação técnica do programa de ajuda a Portugal, os peritos do FMI sublinham que Portugal enfrenta "desafios económicos imensos" e vincam que "há unanimidade [entre os peritos e as autoridades nacionais] em considerar que o baixo crescimento da economia é o principal problema".

A "enormidade dos problemas" da economia portuguesa, afirmam, torna inevitável "uma contração da atividade económica em 2011 e 2012"."

Eu arriscaria dizer que os homens estão muito optimistas...

Com mais desemprego e os rendimentos da população a estagnarem (ou a se reduzirem - funcionários públicos e pensões de reforma), com inúmeros serviços públicos "obrigados" a aumentarem as suas taxas; prestações sociais em queda, empresas públicas (transportes principalmente) a terem que aplicar aumentos brutais nos tarifários, com impostos em crescendo, benefícios fiscais a serem retirados e a subida da Euribor a fazer escalar as mensalidades do crédito habitação, o consumo cairá substancialmente (o que não é coisa má, por si só).

Se a economia cair apenas naquele ritmo (2,2% e 1,8%) não estaremos mal...

junho 07, 2011

A "maioria social" de António Costa (2)

Portugal viveu acima das possibilidades durante muitos anos.
Fez investimentos a pagar no futuro.
Excedeu-se.
Deixaram de nos emprestar o dinheiro (cada vez mais) necessário para pagar esses excessos.

Chegou a altura de passar a viver com o que produzimos e de pagar o que ficamos a dever.

Os nossos credores já nos deram uma "jeito" ao renegociarem as tranches da dívida soberana que se vencem nos próximos 3 anos, emprestando-nos 78 mil milhões, a pagar a muito mais longo prazo. Caso contrário entrariamos em default e na bancarrota já este mês. Os 78 mil milhões vieram com algumas regras: o MoU. Assinado pelos 3 maiores partidos portugueses.

O resultado é simples: vamos ter que viver – todos – com muito menos…

Neste cenário, o que não entendem os sindicalistas, o BE, a CDU e alguns socialistas?

Direitos adquiridos?
Direitos Sociais?
Maioria social?
Protesto nas ruas?

Não terão entendido que a situação a que chegamos vem na sequência de políticas de esquerda que, dando mais do que podia, sobrevalorizou o rendimento social em detrimento do rendimento sustentado no trabalho e na produção?

Que se criou um Estado Social que acabou se suicidando?

Sim. O novo governo terá que se haver com aqueles que recusam a “troika estrangeira”. Mas que não negaram os benefícios que o dinheiro deles lhes permitiu…

Sim. O novo governo poderá ter que se haver com socialistas que se negarão a si próprios no referente aos compromissos que assumiram.

Sim. O novo governo terá uma tarefa dura e não poderá governar para a imagem e ao sabor das sondagens. E não será, provavelmente reeleito.

Vamos ser o que se passará com a "maioria social", cuja existência nos foi revelada por António Costa, na sua aparição em campanha de Sócrates.

Todos teremos que passar a viver pior. Com menos rendimentos e perante bens e serviços mais caros. O que não entenderão os sindicalistas, o BE, a CDU e alguns socialistas?

O que acham que quererá dizer que temos de mudar de vida? Qual a parte que não entendem?

PS1: os funcionários públicos, a partir do PEC3 já entenderam e encaixaram com uma parte do problema. Agora, teremos que tratar das empresas públicas, nomeadamente de transportes. Onde, os trabalhadores começam muito mal o processo…

PS2: os sindicatos terão de entender que terão de deixar de largar a defesa dos direitos (sociais) adquiridos e passarem a agir para que os mesmos não caiam mais do que – digamos - 15 ou 20%. Aí, sim, teríamos parceiros sociais e não apenas contestatários bota-abaixistas… na defesa de grupelhos contra a sociedade (e o País) que não podem sustentar.

2011 O regresso da formiga

E volta a fechar-se o ciclo.
Depois da cigarra (socialista) voltamos ao período da formiga.
Tem sido repetitivo. Mas a espiral terá um fim. O Mundo não está para isso.
Cavaco apertou, Guterres soltou e levou-nos ao pântano.
Barroso veio corrigir, mas ficou a meio. Santana não teve tempo para nada.
Sampaio na presidência e o PS (irresponsavelmente, como sempre, quando na oposição) junto à esquerda e extrema esquerda conseguiram o impensável: dissolver uma maioria absoluta na Assembleia.
Abriu-se um novo período cigarra com Sócrates.
Que nos conduziu à situação actual.

Com a diferença que, até a formiga, desta vez, está condicionada. 
Pois toma conta da situação no início do inverno, com as reservas totalmente consumidas.
A formiga portuguesa, para sobreviver, teve que pedir recursos (78 mil milhões) a outras formigas, de outros países, para conseguir ultrapassar o inverno (a bancarrota anunciada), especialmente rigoroso. 
Mas, dessa forma, já hipotecou todos os recursos a garantir nos próximos Verões.
É trabalhar para viver, trabalhar para pagar. Anos a fio.
E lá no final, só no final, se tudo for bem conduzido, renascer das cinzas e voltar a crescer, bem lá de baixo, para onde estamos a cair...

O PS, liberto de Sócrates e dos seus camaradas de Matosinhos (as cigarras) terá duas vias: 

1)Os que acenam com a ideia da "maioria social" que dizem controlar e que ameaçam se juntar à extrema esquerda nos próximos anos, na rua, negando o MoU que assinaram. Querem o poder de volta, rapidamente, mesmo que à custa do País. Estes parecerão (formigas) mas não são. Poderão ser mesmo, o peso que arrastará o País para o abismo.

2)E o "bom PS" que respeitará os compromissos internacionais mas que demorará mais algum tempo a voltar ao poder: uma travessia do deserto responsável e patriótica. Um PS que, nesse percurso reunirá condições para se constituir numa alternativa de poder válida e construtiva, para bem de Portugal.

Passos Coelho e o novo Governo prestarão um serviço público. 
Não vão trabalhar para as audiências. É o que fazem as formigas, em oposição às cigarras...

junho 06, 2011

Dia 1 do resto das nossas vidas. Mudou, andou...

Está feito.

Algumas notas:

1)Maioria Absoluta PSD-CDS com o PSD a assegurar uma correlação de forças 3,5 para 1.

2)Votação superior a 50% nas soma dos dois partidos.

3)Sócrates retirou as consequências correctas e abriu caminho à mudança, também no PS. A realçar a posição tomada. Realista. A última, para contrastar com tudo o resto.

4)A queda do BE que é estrutural e não se pode ligar a qualquer fenómeno de voto útil.

5)Pela primeira vez, um Governo, uma Maioria e um Presidente, sem esquerda por perto.

6)Um País com a soberania mitigada por alguns anos. Até podermos dar a tarefa por concluída. 

7)Um PS que, na oposição, pela primeira vez, terá de ser responsável. Levou-nos até ao MoU, negociou o MoU, assinou sem reservas o MoU.

8)Uma esquerda, mais à esquerda, da qual nada podemos esperar. Não negociaram, não foram realistas, vão para a rua contestar por contestar...

Não há tempo para festas e festejos. Hoje é o dia 1 do resto das nossas vidas. Que serão mais difíceis e trabalhosas, sem fantasias e ilusões. 

Bom trabalho para todos nós.