dezembro 31, 2012

Burlas e burlões

Continua o "alarme" comunicacional à volta de um tipo chamado Baptista da Silva. Alguém cujo "pecado" foi, simplesmente, colocar a ridículo toda essa comunicação social (sim, no seu todo, pois destes haverá muitos, ainda por detectar) que, agora, o chama burlão...

A verdade é que o homem apenas falou. E muitos o ouviram e caíram no logro. Terá roubado alguma coisa? Aumentou o défice? Não. Apenas fez de alguns, uns patos...

Entretanto, fomos sabendo que no BPN, continuam as surpresas. Todos os que lhe deviam "algum" deixaram de pagar. Pudera: o buraco é do Estado que terá de o tapar, à custa dos contribuintes. Ou seja, à custa de todos nós, dos nossos impostos crescentes, dos nossos rendimentos decrescentes, da nossa economia mitigada. Do nosso desemprego.

Burlões? Burlões são estes. Os que burlaram o Banco e criaram uma lista enorme de enormes imparidades e todos aqueles que mantêm tudo no segredo dos deuses.

Qual segredo bancário? A partir do momento em que somos nós todos a pagar, isso não existe. Continuo a manter a minha indignação face a todos os que estão a reter a lista de todas as imparidades que estamos todos a pagar. Mantenho querer saber a lista de todos os tipos que causaram, a partir de 1995, qualquer imparidade no BPN acima do milhão de euros, dando, de barato os valores abaixo.

E quando o nome em questão for uma qualquer empresa imperceptível de um qualquer off-shore, quero o nome dos que trataram do negócio. De um lado (banco) e do outro: advogados, testas de ferro, os detentores das procurações.

Porque, burlões - mesmo - são estes. Com repercussões evidentes nas nossas vidas.

O Baptista da Silva? É apenas um elemento do Circo de Natal. Que fez de outros... palhaços. Bastando, para isso, que tivesse dito aquilo que esses palhaços queriam que dissesse. Fazendo coro com eles...

dezembro 14, 2012

Produção versus produtividade


É um erro comum confundir uma com outra.
Pior é quando são reputados economistas e responsáveis a fazer a confusão.

E se for de má-fé…, pior ainda.

Caso 1

Quando temos 10 WCs (nem mais um) e um funcionário que os limpa em 8 horas, não haverá qualquer ganho de produção se aumentarmos em meia hora a sua jornada de trabalho. Mas, teremos uma queda na produtividade pessoal, pois não o podemos despedir sem que o trabalho fique por fazer nem temos mais WCs para que ele os limpe. E os custos com ordenados mantêm-se.

Haveria um ganho evidente se, em vez de aumentarmos a jornada de trabalho, fizermos … o contrário. Podemos reduzir essa jornada, com o correspondente corte remuneratório. O funcionário poderá – aí sim – aumentar a sua produtividade e continuar a dar conta da limpeza dos 10 WCs existentes. E isso custará menos ao contratante. Há um corte remuneratório mas, aqui, compensado com mais tempo livre…

Caso 2

Se temos uma função pública com muitos funcionários e serviços que custam para além da receita possível e disponível, haverá que ajusta-la. Ou refunda-la. Mas como? Aumentando a carga horária?

Se se fizer isso, a produtividade cai pois não há mais a fazer. Principalmente porque se decide, no ajustamento ou refundação ... fazer menos. Aí, haverá despedimentos. E também aí, teremos que pagar mais subsídios, teremos mais manifestações de indignados e votos nos partidos demagógicos de esquerda.

Então, o correto a fazer será, novamente, cortar tempo de trabalho e remuneração. Se há emprego a mais para o trabalho disponível, essa função ajustará o processo. Reduzem-se custos, aumenta-se a produtividade e a produção é a mesma.

Nos casos em que esse processo de redução horário cause efectivos cortes na prestação de serviço público (por exemplo, no trabalho de enfermagem num hospital), abre-se uma janela a … nova contratação, sem acréscimo de custos. Poderão ser 4 turnos de 6 horas em vez de 3 turnos de 8. Aí, teríamos renovação no funcionalismo público, menos jovens a emigrar, a protestar, na droga e no crime…

Caso 3

Um restaurante com 10 funcionários viu cair a sua facturação em 20%. Como ajustar? Despedindo? Se sim, são mais encargos para a segurança social e mais problemas, como os já anotados nos casos anteriores.

Então, se todos os funcionários trabalharem menos 20%, ganhando menos 20%, salvaguardam-se todos do desemprego e os custos fixos ajustam-se à nova procura. À espera de melhores dias, onde o processo pode ser revertido ou, em alternativa, se poderá refrescar o grupo com mais - e jovem - contratação.

Caso 4

Um exportador tem vindo a aumentar a sua produção. Ainda não atingiu o pleno produtivo e tem mercado disponível. Precisa de mais mão-de-obra. Aumentar a jornada de trabalho resolveria a situação. Mas tudo seria feito contra os trabalhadores e num processo de desvalorização da qualidade de vida pessoal dos mesmos.

Assim, porque não contratar? Perante a necessidade de mais mão-de-obra ou em resultado da redução da jornada dos trabalhadores atuais? Como referido atrás e não é de menos relembrar, teremos menos desempregados a receber subsídios e passaríamos a ter mais contribuintes. Menos indignados nas ruas a fazer as delícias da esquerda demagógica e mais jovens no mercado de trabalho. Que se libertam da emigração e potenciam o país para um futuro que não se faz sem jovens, sem novas famílias e sem crianças…

Nota: neste processo, a redistribuição do trabalho disponível deve ser feita sobre uma razoável legislação no respeitante à contratação. Sem prejuízo das protecções sociais, este novo emprego terá se ser sempre reversível. E tudo isto na defesa da contratação. Pois ninguém contratará mais se isso estiver acompanhado com uma responsabilização "pesada" para o futuro.

Outros posts relevantes sobre política de trabalho e emprego:

dezembro 06, 2012

GPS e financiamentos a privados

Anda aí tudo num virote por causa de um trabalho feito (por encomenda) na TVI sobre uma empresa que explora estabelecimentos de ensino privados.

Um escândalo, diz-se. Vinte e cinco milhões de euros anuais. E com salas livres nas escolas vizinhas!!!

Ora, acalmemos as hostes e faça-se uma análise fria e realista:

1)Vinte e cinco milhões de euros de apoio. Como os apoios públicos, definidos para as escolas com contratos de associação ascendem a oitenta e poucos mil euros por cada turma, poderemos considerar que essas escolas servirão cerca de 300 turmas. Ou, perto de 8000 alunos.

2)Todos esses alunos e as suas famílias pagarão impostos e, pela Constituição Portuguesa, têm o direito de aceder a fundos públicos no suporte financeiro da sua frequência escolar. E, para além disso, têm, também o direito constitucional de poder optar por alternativas que devem existir livremente. O Estado assegura que existe essa oferta de serviço pública, sem prejuízo de quem é o promotor desse serviço (o próprio Estado ou um qualquer privado). Claro que a esquerda fundamentalista que defende uma oferta única e estatizada não gosta do que diz a Constituição e faz outra interpretação...

3)Se esses alunos estivessem em escolas públicas e custassem os mesmos vinte e cinco milhões, já estaríamos todos (os contribuintes) a ganhar. Pois gastaríamos o mesmo e, pelo menos aqueles alunos, tiveram uma escolha. Uma opção. E a exerceram livremente. Custa o mesmo mas ganha-se na liberdade. Não deixa de ser um ganho.

4)Acontece que há indicações que apontam para que, no sistema público, esses alunos custassem mais que no privado. Ou seja, mais do que os vinte e cinco milhões. O que deriva de melhor gestão dos recursos e de custos com pessoal inferiores (os custos com a Educação são, esmagadoramente, custos com pessoal).

5)Ter salas livres numa qualquer escola vizinha não diz nada. Não é a sala que custa dinheiro aos contribuintes. São os professores, o pessoal auxiliar e as despesas correntes que os alunos, ao lá estar, provocam. Daí que, sendo mais barato ali (no privado), melhor...

6)No privado também se cria emprego docente. Simplesmente, são "outros" docentes. Não estão tão bem instalados como os dos quadros públicos - que se acham no direito de "ter alunos" sem ter que fazer nada por isso (ser bom profissional, por exemplo) - mas são também professores que fazem pela sua vida. Afinal, se os pais escolhem essa outra escola, deve ser por alguma (boa) razão.

No entanto, até entendo que este tipo de escolas, à medida que se comprove a existência das tais "salas livres" nas escolas pública vizinhas, deviam passar a ter um contrato simples (ao invés do contrato de associação) passando as famílias a terem que pagar um "prémio" (um custo que até poderia ser variável em função do escalão ASE) face à escolha que fazem, por aquela escola (privada) em detrimento da outra (pública).

Desta forma, havia liberdade de escolha e um co-pagamento familiar em plena escolaridade obrigatória

O que nos leva a...
Sim. A Passos Coelho e às suas afirmações. Ora, sempre chegamos lá... e sem quaisquer problemas e constrangimentos. Custa menos aos contribuintes, os pais escolhem livremente e instala-se uma saudável concorrência (que trará qualidade) entre as escolas disponíveis. Sejam públicas ou privadas. Porque não?

Greve nos portos

Começa a atingir a insustentabilidade o que se passa em alguns portos portugueses. A greve é às horas extraordinárias (o que é ainda mais extraordinário) e, para além de prejudicar todo o sector exportador nacional, impede abastecimentos às regiões autónomas.

Esta greve prova que o trabalho portuário que conta é o das horas extraordinárias. Pois o outro, nas horas regulares é só para "aquecer". Engonham todas essas horas para justificar as horas extras que lhes acabam por garantir rendimentos muito acima da média.

A solução é acabar com as horas extras e reduzir os turnos de 8 para 6 horas (num processo a seguir para toda a economia). Com isto, inicia-se um processo de empregar mais quem for necessário. Para que se cumpram as tarefas em questão criando-se emprego. 

Desta forma, renova-se efectivamente o pessoal ao serviço e oferece-se trabalho (que alguns, parece não quererem) a muitos mais. Nomeadamente aos jovens.