Como é evidente, temos cada vez
menos trabalho disponível nos países desenvolvidos. Por muitas e variadíssimas razões.
Desde a evolução tecnológica à globalização que deslocaliza empresas.
Se temos menos trabalho disponível
e pretendemos manter alguma coesão social, como se podem manter políticas de
emprego como as atuais? Não é possível. É mesmo impossível.
Mais horas de trabalho? Menos
feriados? Menos férias? Reformas mais tardias? Tudo errado.
A verdade é que é necessário
fazer exactamente o contrário: dividir o (cada vez menos) trabalho disponível, por mais gente. O que não é nada de estranho. Afinal, é um processo evolutivo e paralelo
ao do desenvolvimento humano. Trabalhar cada vez menos, com rentabilidade maior.
Por isso se inventou a roda, a máquina a vapor, o computador…
Só não se evolui nesse sentido por puro egoísmo das gerações grisalhas, "instaladas". Que empurram os jovens para a emigração, colocando, literalmente, o futuro do País pela porta fora.
Só não se evolui nesse sentido por puro egoísmo das gerações grisalhas, "instaladas". Que empurram os jovens para a emigração, colocando, literalmente, o futuro do País pela porta fora.
Mantendo ou aumentando (na
função pública) a unidade individual diária de trabalho (emprego) nas 8 horas, impossibilitaremos que muitos (cada vez mais) possam aceder ao trabalho disponível.
Teremos mais desempregados. Muitos
mais.
Mais despesas sociais
(necessárias para manter alguma coesão social).
Uma função pública “no limbo” do
desemprego, indisponível para produzir a refundação necessária do Estado. O que
a tornará impossível.
Mais indignados nas ruas, nas
manifestações e no “lançamento de pedras de calçada à polícia”. Uma oposição de esquerda
(sem soluções mas a cavalgar insatisfações) mais forte. Mais jovens a emigrar. Menor capacidade de "produzir" bebés Um País de
velhos. Um País sem futuro.
Teremos que alterar procedimentos, inverter as políticas e entender que o desemprego não é solução viável.
A solução passa por (provisoriamente ou não, logo se verá) permitir uma decisão unilateral dos empregadores (incluindo o Estado) em reduzir o tempo da unidade de trabalho (emprego) até 20%, com o correspondente corte remuneratório. Este procedimento seria limitado, nos casos em que a redução levasse a rendimentos abaixo do salário mínimo e seria sempre reversível, também por decisão do empregador.
Desta forma, as empresas
ajustariam os seus custos fixos à dimensão do negócio (arrefecido na actual conjuntura económica). As empresas em laboração máxima seriam motivadas - via benefícios nas contribuições - a
utilizar esta abertura para criarem mais empregos (idealmente para os
jovens). Assim, as contribuições
para a Segurança Social (empresa e trabalhador) seriam inferiores, para estes casos
de unidade de emprego com tempo reduzido.
E tudo isto se aplicaria ao Estado:
Onde houvesse funcionários a mais
as coisas ajustavam-se (com uma poupança real na despesa, correspondente ao
corte remuneratório paralelo ao corte horário).
Onde estivessem à justa poderia ser criado novo emprego (exemplo: enfermeiros). Com esta base (menos riscos de desemprego e mais gente no esforço colectivo unidos pelo trabalho), talvez se passasse a ter uma atitude favorável para o necessário processo de refundação do Estado.
Onde estivessem à justa poderia ser criado novo emprego (exemplo: enfermeiros). Com esta base (menos riscos de desemprego e mais gente no esforço colectivo unidos pelo trabalho), talvez se passasse a ter uma atitude favorável para o necessário processo de refundação do Estado.
A verdade é que, assim, não há
cortes de rendimento por unidade de trabalho, limitando problemas de
constitucionalidade. Pois o pagamento (valor/hora) pelo trabalho efectivo mantém-se. Apenas se alargaria o trabalho disponível a muitos mais (seria, por
isso uma medida socializante), aumentando-se o número de contribuintes e
reduzindo-se o número de subsidiados. Mais impostos e menos défice na segurança
social.
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