Obama disse que os EUA não são Portugal.
Pois não.
São um caso muitíssimo mais grave.
Porque
1)O problema base é o mesmo (crescimento da dívida soberana incontrolável).
2)Ao qual acresce o problema da dimensão (Portugal são amendoins) e o fim da ideia do “grande demais para falir”.
3)Mas mais. Enquanto Portugal tem muito por onde melhorar, na sua gestão interna, a sociedade dos EUA já não terá muita folga. Pois a sociedade é (tem sido) bem mais liberal.
4)Os EUA têm um nível de vida bem superior a Portugal. Daí terem muito mais a cair. Daí que as consequências de uma queda sejam bem mais problemáticas.
5)Finalmente, enquanto Portugal já está no caminho da correcção, em fuga de opções socializantes, os EUA enveredaram justamente por esse equívoco.
Um cadinho de razões para que os “mercados” - e quem avalia - comecem a tremer…
Os mercados financeiros só existem porque há quem empreste e quem queira emprestado.
Para alguém usufruir de um empréstimo terá de encontrar quem tenha um excedente e esteja interessado em emprestar. Já vimos que engenharias financeiras e alavancamentos são sempre estratagemas e ilusões que se acabam por se pagar. Onde se gerem, mais tarde ou noutro local, por outros…
Quem empresta quer ser remunerado e correr o mínimo de riscos. Quando estes crescem, trava os processos. Nada mais natural.
A situação nos EUA é grave. Urge realizar uma inflexão que a actual liderança não parece querer (ou poder) fazer. Pelo contrário (já vimos isto em Portugal) corre atrás de mais dívida, para gastar com socialismos para satisfazer a sua clientela (eleitorado). A caminho do abismo…
Estaremos perante uma situação curiosa: um capítulo extra do “Triunfo dos Porcos” de George Orwell. No último capítulo os porcos entram na casa dos senhores e comemoram, todos juntos, a situação. E o livro acaba, sendo confundidos uns com os outros, pelos restantes animais.
Neste momento e no tal hipotético extra-capítulo, que terá ficado em falta na memorável obra de Orwell, os senhores (capitalistas), de rabo entre as pernas, sairão da casa, deixando-a apenas para os porcos (socialistas).
E assim, a História reescreve-se de uma forma simples, mas contraditória:
A China (socialista?) socorre-se do capitalismo para liderar a economia mundial, passando a financiar, estrategicamente, as adormecidas sociedades (capitalistas) desenvolvidas. E cresce rapidamente.
Os EUA, contraditoriamente, enveredam pelo socialismo (de Obama) e inicia uma queda óbvia…
Resta saber se o processo continua em direcção da rotura final ou a oposição Republicana toma conta da situação e inicia o processo de ajuste ainda a tempo.
A tempo, para os EUA e para o resto do Mundo desenvolvido…
2 comentários:
Nao percebo bem e' onde o suposto socialismo do Obama (suposto!porque de socialista bem tem pouquinho) influencia actual crise em que os EUA se encontram... Nao sera talvez culpa de um senhor chamado Bush que meteu os EUA em 2 guerras carissimas, liberalizou os mercados de tal forma que o saque deu na queda de dois dos maiores bancos americanos mais a maior seguradora do mundo?
A questão não é a da culpa da situação a que se chegou.
É sim o que se faz perante a mesma.
Pedir mais emprestado (sempre mais) quando o défice e a dívida é imensa, juntamente com novos programas de assistência social e saúde, só pode dar maus resultados. Foi o que fizemos (por cá) nos últimos anos...
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