outubro 21, 2013

Emprego vs Trabalho

O nosso problema, nos dias de hoje, não é o emprego. É o trabalho.
Existe em cada vez menos quantidade o que nos coloca um problema.

Um problema?
Mas, afinal não crescemos como espécie social, não vivemos, evoluímos, inventamos, para trabalhar cada vez menos vivendo bem? Não foi para isso que se inventou a roda, a máquina a vapor, o computador?

A realidade é que há cada vez menos trabalho disponível.
Porque há evolução tecnológica. Porque outros produzem melhor e mais barato.

Não vai haver crescimento económico nos próximos anos, nos países desenvolvidos. Pelo menos ao nível do que é necessário para esbater os factores acima indicados (evolução tecológica e deslocalização da produção para países em que os trabalhadores ainda não atingiram os nossos níveis de rendimento) e ainda criar emprego. Assim, não vai haver mais trabalho. Pelo que vai continuar a crescer o desemprego. Até porque há mais factores que tendem para isso: os funcionários públicos vão trabalhar mais tempo, a reforma será mais tardia, há menos férias e feriados.

Mais desemprego significará mais emigração e cada vez menos jovens e crianças. Mais despesas sociais e menos pessoas a contribuir para as mesmas. Não haverá futuro para um Pais assim.

É preciso fazer alguma coisa (que seja constitucional).
O Estado precisa de se ajustar. O ajustamento do Estado passa por rever o que faz e reduzir os custos com a sua folha salarial. Constitucionalmente...

Então, é simples:

A espécie humana continuará a evoluir se passar a trabalhar menos sem prejuizo de um rendimento justo em resultado da respetiva produção. E não de empréstimos (que hoje já ninguém nos dá) impagáveis no futuro.

Se o emprego (unidade de trabalho) passar a ser constituída por menos 15 a 20% do seu tempo actual, tudo se ajustaria. Se a medida fosse generalizada, de iniciativa unilateral da entidade patronal.

A medida só poderia ser constitucional pois há menos salário mas também menos trabalho de forma proporcional (o rendimento/hora seria mantido). A população entenderia facilmente isto.

A folha salarial do Estado sofreria o corte necessário.
Seriam protegidos (mantendo o tempo de trabalho actual) aqueles que ganhassem até 600 Euros (por exemplo).
Onde se sentisse necessidade, haveria mais contratação.
Onde a capacidade de trabalho instalada fosse excedente tudo se ajustaria.
Haveria mais a trabalhar e menos indignados na rua.
Mais contribuíntes e menos subsidiados.
Os jovens veriam uma porta a se reabrir. A força de trabalho nacional rejuvenesceria.
A imigração caíria. E os jovens poderiam se manter no País, criando as famlias necessárias para a renovação demográfica e para o nosso futuro.

A nossa economia poderia passar a ser menos pressionada pelo Estado iniciando-se um processo de redução de impostos que, idealmente, evoluiria para um sistema “apenas IVA” de onde saíriam todos os financiamentos públicos necessários, incluindo os sociais, anulando-se os impostos sobre o rendimento e a carga social sobre o trabalho.

Tudo isto potênciaria a um crescimento económico que, hoje, com os decisores actuais  e potênciais, não passa de um sonho.

14 comentários:

Diogo disse...

«A medida só poderia ser constitucional pois há menos salário mas também menos trabalho de forma proporcional (o rendimento/hora seria mantido). A população entenderia facilmente isto.»

Meu caro Gonçalo,

Nos últimos dias, tenho lido alguns dos seus comentários e julgo que estamos quase em absoluta sintonia.

Mas porquê ganhar menos e não ganhar mais com menos trabalho, ou mesmo, sem trabalho nenhum?


No atual paradigma económico:

Se a tecnologia está em evolução exponencial é claro que o emprego vai desaparecer.

Sem emprego não há salários. Sem salários não há poder de compra. Sem poder d compra, não há vendas. Se vendas não há lucros. Sem lucros não faz sentido a propriedade privada dos meios de produção.

Donde, num futuro próximo, a tecnologia pertencerá a todos e a sua produção também.

Gonçalo disse...

Há sempre um limite para tudo. O Planeta é finito e há cada vez mais gente a necessitar de bens e serviços.
Haverá sempre a necessidade de quem trabalhe, mesmo que (algo) menos que hoje.
A tecnologia tem custos (de investimento). Que, juntamente com os custos do trabalho, fiscais e sociais, se refletem na produção. Que estará sempre em concorrência com produção de outros países.
Ganhar mais sem produçao transacionável equivalente é impossível. E se não vendemos o trabalho é inútil e não "consegue" ser remunerado.
Dai que vamos ter sempre que consumir. E para isso, vamos ter que produzir. E teremos que produzir o que consumimos e algo que outros queiram. Para que, em contraponto, também seja possível comprar ao exterior o que não temos (petróleo pex) nem produzimos (muita da tecnologia pex). Assim, haverá sempre trabalho e empregos. Remunerados dentro do que é concorrêncial. E não nos valores que queremos...
Daí que haverá sempre empregos, salários e poder de compra. Vendas, lucros e propriedade privada dos meios de produção. Os Estados devem apenas garantir mínimos. Assegurar, regular e redistribuir parte dos rendimentos efectivamente produzidos. A produção deve ser deixada ao mercado.
Veja aqui:
http://existenciasustentada.blogspot.com/

Gonçalo disse...

PS: Já está retirada a confirmação de palavras no acesso aos comentários...

Diogo disse...

Gonçalo: Há sempre um limite para tudo. O Planeta é finito e há cada vez mais gente a necessitar de bens e serviços.

Diogo: O Planeta é virtualmente infinito e crescentemente capaz de proporcionar a todos, os bens e serviços que de que temos necessidade. Por outro lado, o hábito de ter carradas de filhos tem vindo a diminuir. Isto, porque, progressivamente, os miúdos deixaram de ser uma mais-valia (que aos seis anos já andam a pastorear gado e a apanhar azeitona), e passaram a ser uma despesa na escola.

Gonçalo: Haverá sempre a necessidade de quem trabalhe, mesmo que (algo) menos que hoje.

Diogo: É falso! O desenvolvimento tecnológico tornará o trabalho humano, em todos os campos, uma relíquia do passado. Nem um exército poderá fazer as coisas de forma tão rápida e tão precisa como a tecnologia vindoura. Seria como comparar um tipo a fazer contas com papel e lápis e outro com um computador e o Excel. Por outro lado, não devemos esquecer que também a inteligência artificial está em progresso exponencial.


Gonçalo: A tecnologia tem custos (de investimento). Que, juntamente com os custos do trabalho, fiscais e sociais, se refletem na produção. Que estará sempre em concorrência com produção de outros países.

Diogo: Isso é crescentemente conversa do passado. A inteligência artificial em progresso exponencial produzirá todo o tipo de máquinas-ferramentas que necessitar. Assim, a tecnologia irá, sozinha, buscar as matérias-primas (e inventará outras), e a energia e transformá-las-á nos bens que tivermos necessidade. Sem um dedo ou um neurónio de intervenção humana.


Gonçalo: Ganhar mais sem produção transacionável equivalente é impossível. E se não vendemos o trabalho é inútil e não "consegue" ser remunerado.

Diogo: Vamos transaccionar para quê, se podemos produzir tudo o que tivermos necessidade?


Gonçalo: Daí que vamos ter sempre que consumir. E para isso, vamos ter que produzir. E teremos que produzir o que consumimos e algo que outros queiram. Para que, em contraponto, também seja possível comprar ao exterior o que não temos (petróleo pex) nem produzimos (muita da tecnologia pex). Assim, haverá sempre trabalho e empregos. Remunerados dentro do que é concorrencial. E não nos valores que queremos...

Diogo: Isso é a conversa do industrialismo. Vou-lhe dar um exemplo: Antes do Neolítico, o homem não produzia nada. A Natureza produzia tudo sem intervenção humana. O homem «limitava-se» a colher os frutos daquela (por trabalhosa e perigosa que fosse essa recolha).
O que eu estou a dizer é que: tal como dantes a natureza produzia sozinha tudo o que precisávamos para viver, também, agora, a tecnologia em progresso exponencial irá produzir tudo o que necessitaremos (mas agora sem a trabalheira e os perigos da recolha desses bens e serviços).


Gonçalo: Daí que haverá sempre empregos, salários e poder de compra. Vendas, lucros e propriedade privada dos meios de produção. Os Estados devem apenas garantir mínimos. Assegurar, regular e redistribuir parte dos rendimentos efectivamente produzidos. A produção deve ser deixada ao mercado.

Diogo: Daí que os empregos estão irremediavelmente condenados a desaparecer (ainda bem!). Porque num já sem número de actividades não há nenhum homem que atinja a performance de uma máquina. Falta mais um bocado que será colmatado com a inteligência artificial em progresso exponencial.


Ps: Obrigado por ter retirado a aborrecida moderação de comentários.

Abraço

Diogo disse...

Publiquei o comentário e apareceu-me esta mensagem: «O seu comentário foi guardado e ficará visível após a aprovação do proprietário do blogue.»

É tão chato vermos um comentário que nos deu gosto e trabalho a produzir, desaparecer no vazio. Este tipo de moderação tem ainda a desvantagem de cortar o diálogo entre vários comentadores que possam surgir – porque cada comentário só surgirá quando você for ao blogue (o que pode ser desmotivante).

Porque é que não desliga isso, e se aparecerem parvalhões a comentar, você liga a novamente a moderação de comentários?

alf disse...

por sugestão do Diogo, cá estou eu a meter a minha colherada.

1- O primeiro ponto que quero esclarecer é que é preciso não confundir emprego com rendimento. A automatização diminui os postos de trabalho mas não diminui a produção de riqueza, pelo contrário! é mesmo por isso que os ordenados hoje podem ser muito maiores do que há 100 anos - nós não trabalhamos mais do que os nossos avós, mas a produção é muitíssimo maior graças à evolução tecnológica e organizacional.

alf disse...


2- o segundo ponto a esclarecer é que a evolução tecnológica não produz diminuição do emprego; o que ela faz é exigir mais qualificações, o que diminui é o emprego de baixa qualificação.
O desemprego que existe é consequência unicamente dos jogos de interesses das pessoas - o desemprego serve para baixar ordenados, serve para a classe média ter criados. As altas taxas de abandono escolar são propositadas, servem os interesses das classes médias e altas.

Não nos enganemos: a miséria humana é obra do egoísmo humano apesar da evolução tecnológica e não por causa dela.

3 - A terceira coisa a esclarecer é que o trabalho é uma necessidade das pessoas independentemente do ordenado - as pessoas precisam de se sentir úteis, apreciadas, de fazer obra. Nem todas, mas muitas

4 - a quarta coisa é que o emprego em empresas é como o futebol: precisa de pessoas novas. Não há emprego em empresas a partir dos 50 anos a não ser em casos especiais, assim como não há futebolistas com mais de 40, a não ser em casos especiais, como os que se tornam treinadores. Isto levante o problema da reforma

5 - o problema da reforma não é difícil de resolver. Como mostro num post muito antigo ("mais sobre o sistema"), com o atual esquema de financiamento a SS é indefinidamente sustentável se a pensão for metade da "pensão por inteiro". Então, o paradigma tem se ser mudado: a reforma fica disponível, no valor de metade do ordenado, aí pelos 50 anos de idade; quem trabalhar mais vai aumentando o valor da reforma de uma percentagem que, essa sim, poderá ser dependente da esperança de vida.
O desemprego e os ordenados muito baixos desaparecem com políticas ativas de promoção da igualdade de oportunidades, como acontece nos países nórdicos.

Abraço, espero ter dado um contributo útil

Gonçalo disse...

Diogo, agradeço a participação. Algumas notas:

Gonçalo: Há sempre um limite para tudo. O Planeta é finito e há cada vez mais gente a necessitar de bens e serviços.

Diogo: O Planeta é virtualmente infinito e crescentemente capaz de proporcionar a todos, os bens e serviços que de que temos necessidade. Por outro lado, o hábito de ter carradas de filhos tem vindo a diminuir. Isto, porque, progressivamente, os miúdos deixaram de ser uma mais-valia (que aos seis anos já andam a pastorear gado e a apanhar azeitona), e passaram a ser uma despesa na escola.

R:Grande parte do seu raciocínio baseia-se na sua crença que o planeta é “virtualmente infinito”. A minha, na de que o planeta é finito. O ambiente não aguenta, a energia tem custos (de todo o tipo) e a população aumenta mesmo (é ver o que se vai passando no Mundo em geral onde não há ainda – está muito longe – níveis de vida e de consumo ocidentais) obrigando a uma maior divisão dos recursos e da produção. A sua afirmação sobre a demografia apenas se aplica ao Mundo ocidental e desenvolvido onde a queda demográfica, ao contrário do que crê, não será um motivo de estabilização de qualidade de vida mas a razão incontornável do fim do crescimento e do início do declínio. Mas atenção, ter mais crianças também não resolve nada. Mas era a base do crescimento tal como o conhecíamos.

Gonçalo: Haverá sempre a necessidade de quem trabalhe, mesmo que (algo) menos que hoje.

Diogo: É falso! O desenvolvimento tecnológico tornará o trabalho humano, em todos os campos, uma relíquia do passado. Nem um exército poderá fazer as coisas de forma tão rápida e tão precisa como a tecnologia vindoura. Seria como comparar um tipo a fazer contas com papel e lápis e outro com um computador e o Excel. Por outro lado, não devemos esquecer que também a inteligência artificial está em progresso exponencial.

R:Haverá sempre trabalho a fazer, mesmo que menos que hoje. Mas até o trabalho que se entendia ser relegável para outros paises, menos desenvolvidos, está a se revelar importante para todos. Infelizmente, há sempre contingências nas trocas comerciais pelo que, sem produtos básicos (os tais que “outros” menos desenvolvidos “devem” produzir), não há empregos de nível mais elevado que resistam. É mais um dos motivos da queda actual dos paises desenvolvidos.

Gonçalo: A tecnologia tem custos (de investimento). Que, juntamente com os custos do trabalho, fiscais e sociais, se refletem na produção. Que estará sempre em concorrência com produção de outros países.

Diogo: Isso é crescentemente conversa do passado. A inteligência artificial em progresso exponencial produzirá todo o tipo de máquinas-ferramentas que necessitar. Assim, a tecnologia irá, sozinha, buscar as matérias-primas (e inventará outras), e a energia e transformá-las-á nos bens que tivermos necessidade. Sem um dedo ou um neurónio de intervenção humana.

R:Já todos vimos isso, nas bandas desenhadas do meio do século passado. Não será assim, pelo menos nos próximas centenas de anos. E só será assim depois disso, se muitos outros problemas foram, antes, solucionados.

Gonçalo disse...

Gonçalo: Ganhar mais sem produção transacionável equivalente é impossível. E se não vendemos o trabalho é inútil e não "consegue" ser remunerado.

Diogo: Vamos transaccionar para quê, se podemos produzir tudo o que tivermos necessidade?
Ver atrás...

Gonçalo: Daí que vamos ter sempre que consumir. E para isso, vamos ter que produzir. E teremos que produzir o que consumimos e algo que outros queiram. Para que, em contraponto, também seja possível comprar ao exterior o que não temos (petróleo pex) nem produzimos (muita da tecnologia pex). Assim, haverá sempre trabalho e empregos. Remunerados dentro do que é concorrencial. E não nos valores que queremos...

Diogo: Isso é a conversa do industrialismo. Vou-lhe dar um exemplo: Antes do Neolítico, o homem não produzia nada. A Natureza produzia tudo sem intervenção humana. O homem «limitava-se» a colher os frutos daquela (por trabalhosa e perigosa que fosse essa recolha).
O que eu estou a dizer é que: tal como dantes a natureza produzia sozinha tudo o que precisávamos para viver, também, agora, a tecnologia em progresso exponencial irá produzir tudo o que necessitaremos (mas agora sem a trabalheira e os perigos da recolha desses bens e serviços).

R:No neolítico o planeta era sustentável. Ainda não existiamos como espécie endémica...

Gonçalo: Daí que haverá sempre empregos, salários e poder de compra. Vendas, lucros e propriedade privada dos meios de produção. Os Estados devem apenas garantir mínimos. Assegurar, regular e redistribuir parte dos rendimentos efectivamente produzidos. A produção deve ser deixada ao mercado.

Diogo: Daí que os empregos estão irremediavelmente condenados a desaparecer (ainda bem!). Porque num já sem número de actividades não há nenhum homem que atinja a performance de uma máquina. Falta mais um bocado que será colmatado com a inteligência artificial em progresso exponencial.

R:Essa evolução é real e vai trazer mesmo desemprego. Resta saber se vamos dividir o cada vez menos trabalho disponível por todos (aí, o desemprego trava) ou, se pelo contrário o egoísmo suicida vai prevalecer na ansia de reserva de rendimentos por parte de alguns. Caro que os outros não vão aceitar isso e o caldo vai entornar-se. É isto que muitos não entendem. Para que haja uma sociedade saudável e com futuro vai ser necessário dividir o trabalho e o rendimento associado. Não bastará dividir o rendimento...

Gonçalo disse...

Alf, aqui vai:

Alf: O primeiro ponto que quero esclarecer é que é preciso não confundir emprego com rendimento. A automatização diminui os postos de trabalho mas não diminui a produção de riqueza, pelo contrário! é mesmo por isso que os ordenados hoje podem ser muito maiores do que há 100 anos - nós não trabalhamos mais do que os nossos avós, mas a produção é muitíssimo maior graças à evolução tecnológica e organizacional.

R:Falta aí meter o tabalho na equação. Tem sido a base da minha argumentação. A automatização reduz o trabalho disponível, sem reduzir a produção (aumenta-a até). Isso reflete-se na reduçao dos empregos se, a cada emprego corresponder a mesma carga de trabalho. E por isso a ordenados maiores para esses que mantêm (ou ganham) esse (novo) trabalho.
Mas tudo resta descamba. Há mais desempregados que exigem compensação social (não vão deixar as coisas ficarem por aí) o que pode levar a que, quem trabalha tenha que "largar" recursos para a redistribuição social. Assim, lá se vai o crescimento de rendimentos e quem não trabalha vai ter todo o tempo do Mundo para lutar por mais e mais recursos por essa via. Caldo entornado...
É muito mais equilibrado manter a distribuição do trabalho mais equitativa à medida que este vai rarificando. E vai continuar a rarificar.

Alf: o segundo ponto a esclarecer é que a evolução tecnológica não produz diminuição do emprego; o que ela faz é exigir mais qualificações, o que diminui é o emprego de baixa qualificação.
O desemprego que existe é consequência unicamente dos jogos de interesses das pessoas - o desemprego serve para baixar ordenados, serve para a classe média ter criados. As altas taxas de abandono escolar são propositadas, servem os interesses das classes médias e altas.

Não nos enganemos: a miséria humana é obra do egoísmo humano apesar da evolução tecnológica e não por causa dela.

R: Sim, grande parte do que descreve é verdade. Se o trabalho for melhor distribuído à medida que rareia, a miséria poderá ser atenuada e os ganhos pela evolução tecnológica serão melhor distribuídos. Mais terão os mínimos e outros ganharão menos mas poderão ganhar qualidade de vida com a redução do trabalho que lhes cabe.

Alf:A terceira coisa a esclarecer é que o trabalho é uma necessidade das pessoas independentemente do ordenado - as pessoas precisam de se sentir úteis, apreciadas, de fazer obra. Nem todas, mas muitas.

R: Sim. Completamente de acordo. Se não têm trabalho vão engrossar as massas de indignados nas ruas.

Alf: a quarta coisa é que o emprego em empresas é como o futebol: precisa de pessoas novas. Não há emprego em empresas a partir dos 50 anos a não ser em casos especiais, assim como não há futebolistas com mais de 40, a não ser em casos especiais, como os que se tornam treinadores. Isto levante o problema da reforma. O problema da reforma não é difícil de resolver. Como mostro num post muito antigo ("mais sobre o sistema"), com o atual esquema de financiamento a SS é indefinidamente sustentável se a pensão for metade da "pensão por inteiro". Então, o paradigma tem se ser mudado: a reforma fica disponível, no valor de metade do ordenado, aí pelos 50 anos de idade; quem trabalhar mais vai aumentando o valor da reforma de uma percentagem que, essa sim, poderá ser dependente da esperança de vida.
O desemprego e os ordenados muito baixos desaparecem com políticas ativas de promoção da igualdade de oportunidades, como acontece nos países nórdicos.

R:A reforma resolve-se passando-se de um sistema solidário para um sistema de capitalização. Sem prejuizo de uma componente mínima solidária, proporcional à riqueza produzida pelo País em cada momento.

E, rapidamente, será isto...

Diogo disse...

Vou tentar uma simultânea,


Alf, você tem toda a razão no sei ponto 1.


Alf: «… a evolução tecnológica não produz diminuição do emprego; o que ela faz é exigir mais qualificações, o que diminui é o emprego de baixa qualificação».

Diogo: Falso! A evolução tecnológica abarca todo o tipo de tecnologia. O problema é enganador. Por exemplo, é muito mais difícil arranjar uma máquina que faça o trabalho de uma mulher-a-dias do que outra que faça o trabalho de um contabilista. Simplesmente, porque a visão artificial (com compreensão daquilo que se vê) é muito mais complexo do que compreender um balanço.


Alf: «o trabalho é uma necessidade das pessoas independentemente do ordenado - as pessoas precisam de se sentir úteis, apreciadas, de fazer obra»

Diogo:Falso! As pessoas (tal como as crianças nos seus jogos), podem competir umas com as outras numa infinidade de atividades – todo o tipo de jogos, todo o tipo de artes, todo o tipo de lazeres. O Xadrez não vai desaparecer, lá porque já existem vários softwares que batem qualquer ser humano sem apelo nem agravo. Essas atividades humanas não serão, obviamente, remuneradas. Servirão apenas como satisfação pessoal.


Diogo: Nos seus pontos 4 e 5, o Alf perde-se completamente no seu raciocínio. Se, como ele próprio diz, «A automatização não diminui a produção de riqueza, antes pelo contrário!», então qual é a dificuldade em dar todas as condições aos reformados?



Gonçalo: «o planeta é finito. O ambiente não aguenta, a energia tem custos (de todo o tipo) e a população aumenta mesmo…»

Diogo:O planeta é virtualmente infinito. Você sabia que já começaram a fazer bifes partindo de uma célula muscular e fazendo-a multiplicar-se em laboratório? Agora aplique isto a tudo – de bifes às batatas, de filetes aos brócolos. (e todos os processos totalmente automatizados).


Gonçalo: «Haverá sempre trabalho a fazer, mesmo que menos que hoje…»

Diogo: Trabalho haverá sempre. Mas a evolução exponencial tecnológica dará conta disso (de forma infinitamente mais rápida e mais precisa).


Diogo: «A inteligência artificial em progresso exponencial produzirá todo o tipo de máquinas-ferramentas que necessitar. Assim, a tecnologia irá, sozinha, buscar as matérias-primas (e inventará outras), e a energia e transformá-las-á nos bens que tivermos necessidade. Sem um dedo ou um neurónio de intervenção humana.»

(continua)

Diogo disse...

(continuação)
Gonçalo: «Não será assim, pelo menos nas próximas centenas de anos…»

Diogo: Caro Gonçalo, tive um avô que nasceu no princípio do século XX. Alguma vez ele imaginou, na sua juventude, que iria, 60 anos mais tarde, atravessar o Atlântico em poucas horas a bordo de um avião? Ou que iria assistir a acontecimentos do outro lado do mundo, a cores e em direto? E, embora chegasse a vê-los, nunca tocou num computador nem soube o que era a Internet. Alguns exemplos:

«Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.

[…]

Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.

[…]

Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.


Centenas de anos, diz o Gonçalo? Sabe o que é uma função ou uma evolução exponencial? E em que cada tecnologia puxa pelas outras? Meu caro, muito antes do fim do século XXI seremos todos imortais.

Gonçalo disse...

Diogo
1)O Planeta é infinito e aguentará com tudo o que possa aí vir: alimentação, ambiente e imortalidade. Não posso concordar. Mas será uma questão de convição. Os argumentos estão à vista. Cada um os considera ou não na construção dessas suas convicções.
2)Tecnologia e inteligência artificial. Não a contesto (não o poderia fazer). Todos os exemplos que dá também são válidos. Essas área irão continuar a evoluir mas vão acontecer situações de impasse derivado, justamente, do facto de sermos um planeta ... finito.
Quando chegamos à Lua em 1969 (44 anos) quem diria que em 2013 ainda não teríamos passado disso? E que já não voltamos lá há muito tempo?
Pelo que haverá tantas expectativas goradas como avanços imprevistos...
O que refiro é que a evolução tecnológica não nos vai tornar imortais, nem vão garantir a sustentatibilidade do Planeta de uma forma simples. Para já, vamos na direção errada. Bastará pensar que se toda a popolação terrestre consumisse a média americana, a produção actual (que já exige tanto do planeta e ambiente) teria de ser multiplicada por 4...

Diogo disse...

Gonçalo: «Tecnologia e inteligência artificial. Não a contesto (não o poderia fazer). Todos os exemplos que dá também são válidos. Essas área irão continuar a evoluir mas vão acontecer situações de impasse derivado, justamente, do facto de sermos um planeta ... finito.
Quando chegamos à Lua em 1969 (44 anos) quem diria que em 2013 ainda não teríamos passado disso? E que já não voltamos lá há muito tempo?
Pelo que haverá tantas expectativas goradas como avanços imprevistos...»

Diogo: Meu caro, a evolução é exponencial em todas as áreas e só o vejo a ser travado com um asteróide gigante a embater no planeta ou com uma guerra nuclear total.

Quanto à ida à lua, já investigou se de facto lá fomos? Veja estes vídeos com atenção: https://www.google.pt/#q=dark+mission+nasa+moon+hoax


Como é que pode afirmar que a tecnologia não nos vai tornar imortais? Não somos nós apenas máquinas formadas por células? E o nosso cérebro não é apenas um computador com um limitado número de neurónios e sinapses? Número esse que os nossos computadores actuais já atingiram e que irão continuar a crescer exponencialmente?

Haverá, certamente, expectativas goradas e avanços imprevistos, mas a direcção é clara: evolução tecnológica exponencial.

Abraço