Para que isso seja possível é necessário tomar medidas
difíceis.
Sabemos, também, que medidas difíceis não são tomadas por
eleitos. Daí que se explica porque é o FMI que vem trazer estas sugestões (ou imposições?).
Vital Moreira escreveu e escreveu bem. O Orçamento de 2013
está equilibrado e não será inconstitucional. Os funcionários públicos
trabalham 35 horas (menos 5 horas semanais que o horário “privado”) e que,
talvez por isso, só recebem e isso é aceitável, 13 ordenados anuais (e não 14).
As medidas do FMI são erradas. Sem que os objetivos a
atingir o sejam.
É mesmo necessário
cortar a despesa pública.
Maximizando recursos,
reduzindo os desnecessários, reformulando a oferta.
E como se faz isso? Despedindo?
É aqui que tudo descamba. Não é despedindo que o problema se
resolve. A solução passa pela redistribuição do trabalho – efetivo – ainda existente
…
Precisamos estabelecer um teto de desempregados. Sabemos
que, acima de um determinado número ou taxa, as coisas partem. Partem pela rotura social nas ruas, partem pela desestabilização
política (que ocorrerá normalmente nas eleições seguintes), partem pela
emigração (de jovens) que levam, com eles, para longe, o futuro do país. Parte
pelos que ficam, mais pobres e sem perspetivas de futuro que não as negativas, da
incerteza e do desemprego latente.
Mais trabalho para alguns (os empregados) não é solução
alguma. Isso não aumenta a produtividade do País. Tão só aumenta a
produtividade pessoal de uns (os empregados) reduzindo a zero, a de outros (os
desempregados). E não é solução, pelo menos quando a taxa de desemprego sobe
acima dos 10%.
E, mais trabalho, são mais horas, mais dias, menos feriados,
menos férias, reformas mais tardias. E esta é a solução errada.
É que, havendo apenas este trabalho (o que temos), temos que
rentabiliza-lo. Pois não haverá mais trabalho, tão cedo, no País. Pelo menos
num horizonte próximo, ou seja, naquele que impeça a imediata saída de muitos
milhares de jovens do País. É necessário estancar, de imediato, esta sangria.
Voltamos ao início:
É mesmo necessário
cortar a despesa pública.
Maximizando recursos,
reduzindo os recursos desnecessários, reformulando a oferta.
A solução de redistribuição do trabalho é simples e eficaz:
todas as entidades empregadoras (incluindo o Estado) ficariam livres de reduzir
– unilateralmente - até 20%, a carga horária de trabalho de cada e de todos os
seus trabalhadores com corte equivalente do seu salário mensal. Não haveria um corte
remuneratório (valor/hora), mas sim um corte salarial (valor/mês). Penso que a
Constituição não impediria isto.
Esta medida teria um caracter provisório (mas sem prazo de
reversão), era opcional (o empregador tomaria a decisão se quisesse) e poderia
ser discriminatória (aplicando-a a uns e não a outros). Haveria uma proteção a
quem ganhasse menos de 1,25 vezes o salário mínimo (a fim de ninguém passar a
ganhar menos que esse valor) e implementar-se-iam regras de promoção da medida
(novos empregos, ocupados por jovens, por conta deste processo teriam Taxa
Social Única reduzida a metade).
Esta medida reduziria, de forma imediata e de base, em 20%,
os custos salariais do empregador.
Onde o pessoal estivesse a mais as coisas se ajustariam.
Onde o trabalho se tornasse por demais, seria possível
empregar jovens.
Finalmente, na área da Reforma, em vez de aumentar a idade limite
(mais um erro de palmatória), urge antecipa-la. E, até, talvez, compulsivamente,
com o ajuste (no valor) devidamente calculado. Para abrir emprego para os
jovens.
Quanto ao valor das reformas, estamos de acordo. Os valores
hoje aplicados, em muitos casos (as reformas mais altas, acima do salário
mínimo) estão bem acima das contribuições feitas. Feitas num tempo fácil em que
essas contribuições eram suficientes para satisfazer o (curto) rol de
benificiários da altura, mas insuficiente para os benefícios próprios no
futuro. É que estes benefícios, hoje, estão a ser sustentados pelos
trabalhadores que não as terão no (seu) futuro (até porque os jovens, que os
poderiam sustentar no médio logo prazo, estão a sair). O que torna
insustentável a situação. Pelo que um ajuste das reformas atuais é aceitável.
Com estas medidas, teríamos
muito mais a trabalhar e menos nas ruas, indignados.
Muitos mais a
contribuir e menos a receberem subsídios.
Muitos mais
empenhados na recuperação do País e uma luz ao fundo do túnel.
Assim… como estamos a seguir, não. Já ninguém aguenta Gaspar
e Passos Coelho. E até já vamos tendo alguma simpatia com o Ministro da
Economia…
Continuamos indignados com o caso BPN. São 6 a 8 mil milhões, literalmente roubados, nas mãos de muitos, pagos pelos contribuintes. No mínimo, não havendo justiça, era exigível a divulgação de nomes dos que originaram as imparidades nesse banco e noutros, onde as imparidades foram "absorvidas" e onde agora entram fundos públicos e impostos nossos. Estando nós a pagar, tudo fica situado fora do negócio (e segredo) bancário. Daí querermos saber tudo.
E, voltando à forma como se vai gerindo o problema do desemprego, só podemos especular. E supor uma teoria da conspiração. Estando perante um conluio gigantesco cuja finalidade é sugar até
ao tutano a nossa juventude, formada, direcionando-a para empregos mal pagos
(mas sempre melhores que o desemprego na origem) nos países “mandões” do centro
da Europa. Ávidos de substituir a mão-de-obra muçulmana por outra, mais
integrada e mais “dócil” no futuro (nas segundas gerações).
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