É um erro comum confundir uma com outra.
Pior é quando são reputados economistas e responsáveis a fazer a confusão.
E se for de má-fé…, pior ainda.
Caso 1
Quando temos 10 WCs (nem mais um) e um funcionário que os limpa em 8 horas,
não haverá qualquer ganho de produção se aumentarmos em meia hora a sua jornada
de trabalho. Mas, teremos uma queda na produtividade pessoal, pois
não o podemos despedir sem que o trabalho fique por fazer nem temos mais WCs
para que ele os limpe. E os custos com ordenados mantêm-se.
Haveria um ganho evidente se, em vez de aumentarmos a jornada de
trabalho, fizermos … o contrário. Podemos reduzir essa jornada, com o
correspondente corte remuneratório. O funcionário poderá – aí sim – aumentar a
sua produtividade e continuar a dar conta da limpeza dos 10 WCs existentes. E
isso custará menos ao contratante. Há um corte remuneratório mas, aqui,
compensado com mais tempo livre…
Caso 2
Se temos uma função pública com muitos funcionários e serviços que custam
para além da receita possível e disponível, haverá que ajusta-la. Ou
refunda-la. Mas como? Aumentando a carga horária?
Se se fizer isso, a produtividade cai pois não há mais a fazer. Principalmente porque se decide, no ajustamento ou refundação ... fazer menos. Aí, haverá
despedimentos. E também aí, teremos que pagar mais subsídios, teremos mais manifestações de
indignados e votos nos partidos demagógicos de esquerda.
Então, o correto a fazer será, novamente, cortar tempo de trabalho e
remuneração. Se há emprego a mais para o trabalho disponível, essa função
ajustará o processo. Reduzem-se custos, aumenta-se a produtividade e a produção
é a mesma.
Nos casos em que esse processo de redução horário cause efectivos cortes na
prestação de serviço público (por exemplo, no trabalho de enfermagem num hospital), abre-se uma janela a … nova contratação, sem
acréscimo de custos. Poderão ser 4 turnos de 6 horas em vez de 3 turnos de 8.
Aí, teríamos renovação no funcionalismo público, menos jovens a emigrar, a
protestar, na droga e no crime…
Caso 3
Um restaurante com 10 funcionários viu cair a sua facturação em 20%.
Como ajustar? Despedindo? Se sim, são mais encargos para a segurança social e
mais problemas, como os já anotados nos casos anteriores.
Então, se todos os funcionários trabalharem menos 20%, ganhando menos 20%,
salvaguardam-se todos do desemprego e os custos fixos ajustam-se à nova
procura. À espera de melhores dias, onde o processo pode ser revertido ou, em
alternativa, se poderá refrescar o grupo com mais - e jovem - contratação.
Caso 4
Um exportador tem vindo a aumentar a sua produção. Ainda não atingiu o pleno produtivo e tem mercado disponível. Precisa
de mais mão-de-obra. Aumentar a jornada de trabalho resolveria a situação. Mas
tudo seria feito contra os trabalhadores e num processo de desvalorização da qualidade de vida pessoal dos mesmos.
Assim, porque não contratar? Perante a necessidade de mais mão-de-obra ou
em resultado da redução da jornada dos trabalhadores atuais? Como referido atrás
e não é de menos relembrar, teremos menos desempregados a receber subsídios e passaríamos
a ter mais contribuintes. Menos indignados nas ruas a fazer as delícias da
esquerda demagógica e mais jovens no mercado de trabalho. Que se libertam da
emigração e potenciam o país para um futuro que não se faz sem jovens, sem
novas famílias e sem crianças…
Nota: neste processo, a redistribuição do trabalho disponível deve ser feita sobre uma razoável legislação no respeitante à contratação. Sem prejuízo das protecções sociais, este novo emprego terá se ser sempre reversível. E tudo isto na defesa da contratação. Pois ninguém contratará mais se isso estiver acompanhado com uma responsabilização "pesada" para o futuro.
Outros posts relevantes sobre política de trabalho e emprego:
Sem comentários:
Enviar um comentário