outubro 20, 2011

O fim de um modo de vida - no Público (18/10)

O Editorial de antes de ontem, no Público, anota que o OE é uma “espécie de dois em um … feito para aplacar o défice e para por fim a um modo de vida”. E chora sobre esse modo de vida perdido pois, assim, Portugal “renuncia à esperança de construir um modelo social de perfil europeu” sendo necessário cortar “dez mil milhões para cumprir os 4,5%” de défice em 2012. Ficando Portugal “mais longe dos modelos providencialistas e mais perto dos sistemas liberais que apregoam os valores do Estado mínimo”. E não termina, sem sugerir um abrandamento das medidas por troca de nova tributação patrimonial e por taxas e impostos extraordinários. Ou seja, mais do mesmo...

A verdade é que não há outra solução, perante um Estado que gastou em 2009 e 2010 mais 20% do que recebeu. Precisamos de entender que estavam nesses 20% as referidas ilusões sobre o modo de vida, modelo social de perfil europeu e modelo providencialista.

Que esses modelos estão em fim de vida em toda a Europa. E que os EUA estão em contra ciclo, caminhando cegamente para algo parecido, sendo este o grande problema para o futuro global (que está mais próximo do que se julga).

Diz o Editorial que os sistemas liberais apregoam o Estado mínimo. Como deve ser. Mínimo na definição dos serviços públicos efectivamente essenciais, mínimo na produção desses serviços, mas máximo na respectiva garantia de prestação, acesso e financiamento. Ou seja, define-se os serviços (públicos) essenciais dentro do que é orçamentalmente possível e realista e aí não há contemplações. Os serviços escolhidos são prestados (não forçosamente por estruturas e empresas públicas) com rigor e justiça social. 

Outra verdade é que se o Estado terá que cortar dez mil milhões para chegar aos 4,5%, terá que cortar outro tanto logo a seguir, pois deixou de ser razoável uma gestão corrente em défice. E cada uma dessas tranches (de dimensão colossal) integra (pelo que terão de ser eliminados) forçosamente, muitos dos serviços providencialistas ansiados e integrantes do referido modelo social de perfil europeu.

O tal que está agora a definhar - em todo o mundo desenvolvido - pelo peso da dívida criada para o sustentar…  

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