Um dos graves problemas actuais da banca portuguesa é a exposição excessiva ao crédito habitação. Um crédito concedido a muito longo prazo, a taxas "curtas", com spreads mínimos (acima da Euribor).
Por outro lado, o refinanciamento bancário para este crédito (rígido) faz-se, de forma cada vez mais penosa, a taxas proibitivas.
Nos termos actuais, havendo disponibilidades financeiras, não compensa, aos clientes fazerem qualquer amortização.
Enquanto que, aos bancos, toda a liquidez seria bem vinda.
Para o País, o crescimento da poupança seria importante. Capitalizaria recursos e liquidez com vista ao investimento e evitaria consumo (maioritariamente externo).
Estará na altura dos Bancos nacionais pensarem numa proposta de renegociação destes contratos com os seus clientes, com um "hair cut" associado.
Qualquer amortização feita sobre a dívida destes contratos seria uma mais valia importante para os bancos. Constituiria uma entrada de liquidez e um abatimento de um crédito fixo com condições bastante insatisfatórias.
Se os bancos estiverem dispostos a partilhar essa mais valia (uma parte) com os clientes, seria uma forma de os motivar a proceder em conformidade.
Vamos supor que um crédito se vence daqui a 20 anos. Considerando uma taxa variável (sobre a Euribor) com um spread de 1%, seriam 3% anuais por 10 anos (metade do período de vencimento total).
Uma amortização total agora, face aos actuais financiamentos bancários a 10 anos a taxas de 8%, permitiria libertar 5% ao ano...
Mesmo que a Euribor venha a subir e as taxas de financiamento externo venham a descer, haverá muita folga a ceder ao cliente para o motivar e potenciar este procedimento.
Todos ganhariam...
Infelizmente, temos banqueiros que acham estar a pagar demais pelos depósitos a prazo. Mas que aparentemente, não acharão que pagam demais pelo financiamento que obtêm externamente. Nem pelo facto do mesmo ser "assistido" pela boa vontade do BCE. Nem por essa situação se dever - também - à sua má gestão, quando contemporizaram com o anterior Governo do PS, nos teatrinhos da dívida soberana portuguesa, encharcando-se de títulos de dívida (lixo) portuguesa. Achavam que estavam a ser patriotas e solidários... Talvez. Mas apenas com Sócrates...
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