Luís Campos e Cunha foi ministro socialista no primeiro governo de Sócrates. Na altura das boas intenções. Daí que, por pouco tempo.
Teve um papel importante no fim do último governo do mesmíssimo primeiro ministro. Deu conta de muitas das suas fraquezas e ajudou a clarificar os enganos que os socialistas prosseguiam.
No Público de ontem, fez publicar um artigo onde (ainda a tempo, espera ele) apresentava umas dicas ao novo governo.
No referente às "golden shares" sugeria (e bem) que a respectiva erradicação deveria ser concretizada através de um "custo" a imputar aos actuais accionistas. Na exacta dimensão do ganho de valor que as acções detidas usufruirão com fim daquelas acções com direitos especiais.
No caso da TSU, defende que a sua baixa tem objectivos (e por isso se justifica) de criação de emprego (ou impedindo a destruição do mesmo). Daí que defende (é a dica) que de deveria actuar no sentido de impossibilitar que a descida da TSU se pudesse reflectir em aumento remuneratório. E, sendo esse o objectivo primordial (criação de emprego) defende a baixa generalizada a toda a actividade económica e não apenas à exportação ou só na indústria. Defende e bem, diríamos nós.
Mas há algumas contradições: a baixa da TSU só se reflectirá no emprego se provocar melhores preços na produção, originando mais quota de mercado, o que exigirá mais produção, mais trabalho e, logo então, mas só aí - mais emprego. O efeito directo imediato e mais relevante da medida será sempre a competitividade dos produtos nacionais nos mercados: no exterior (mais exportações), no interior (na substituição de importações) e no Turismo.
No mercado habitacional, defende a facilitação fiscal do aluguer. A fim de provocar, no sector, o dinamismo necessário que rentabilize as centenas de milhar de fogos vazios e impeça mais investimentos descabidos em novas construções.
Finalmente, manifesta pesar por não ter sido aceite a sua solução de aumentar a produtividade via aumento do horário de trabalho. O que contradiz toda a sua argumentação anterior em prol do emprego...
Afinal, aumentando o tempo de trabalho para os trabalhadores no activo, que consequências virão em relação ao emprego? Não é difícil de perceber que seriam bastante nefastas.
Na defesa ou na promoção do emprego, não seria mais lógica uma negociação individual de redução do tempo de trabalho, em paralelo com uma idêntica quebra do rendimento auferido? Trazendo assim, mais gente para a produção, caso se justifique e sem quaisquer aumentos de custos? Ou, simplesmente, permitindo assim o ajustamento necessário às empresas com excesso de capacidade instalada?
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