No próximo ano, por via dos impostos, cada português se virá privado, em média de 5 a 6% do seu rendimento.
Ora, os modelos económicos, com a aplicação desse "corte", traduzem uma qualquer quebra na economia que provoca desemprego (menos impostos e mais despesa social), redução no consumo (menos impostos e mais problemas para as empresas) e maior desestabilização social (greves, conflitos, manifestações).
Mas, essa quebra é sempre calculada "por baixo", tendo o erro atingido proporções inauditas em 2012, com Gaspar, no alto da sua cátedra, a falhar redondamente.
A explicação é simples e pode ser empiricamente entendida com um exemplo.
Há dois anos, uma família tinha um rendimento de 1000. Retirados os custos fixos, nomeadamente o crédito habitação, sobrava-lhe 400 para "consumo". Nessa altura, o dinheiro estava disponível (nos bancos) e estava barato. A esses 400 poderia juntar outros 100, sem qualquer problema. Essa família colocava 500 na economia, depois de juros e amortizações.
Hoje, depois de PECs e TROIKAs, os 1000 de rendimento inicial reduziram-se a 800 (menos ainda para os funcionários públicos e pensionistas). Isto se considerarmos cortes de rendimento, mais impostos e inflação e desconsiderando os - entretanto - desempregados. Sem crédito, os 800 são 800 e é só com eles que as famílias contam.
Os custos fixos não reduziram, nem se mantiveram (+50). Mas a eles, somaram-se os custos dos juros e as amortizações dos créditos vigentes (+100). Pelo que aos 600 fixos, poderemos juntar outros 150. Assim, a base reduziu-se para 800 e os custos fixos subiram para 750. Sobram, para consumo, 50.
Ora, 50 é um décimo de 500, para efeitos de "consumo". Um valor que suporta uma das principais receitas do Estado (o IVA) e toda a economia (de que depende o emprego e ainda outras receitas do Estado). É por isto que a economia está anémica e que o buraco nas contas públicas não se reduz.
Mas, continuemos.
Este ano, corta-se 5% (vamos arredondar) no rendimento. E vamos pensar que nada se mexe nas despesas fixas daquele agregado (750).
De 800, o rendimento passa a 760.
O que sobra para consumo? 10...
Então, menos 5% no rendimento corresponderá a quase 80% de corte, dessa família, no consumo (retirados juros e amortizações que seguem a sua via, de saída de Portugal, para a sua origem - os credores externos, sem passarem pela economia).
E tudo isto se considerarmos que a família tem contas estruturadas, tem emprego, estabilidade e saúde. Pois, se não, só a DECO e o seu aconselhamento é que lhe poderá valer...
Pois, o Ministro Gaspar, de segunda a domingo, das 8 às 22h no seu Gabinete, acaba por não se aperceber disto. Aí, as receitas públicas baixam mais do que os ganhos de corte da receita. E ele é "surpreendido"... Ora, a qualidade e o seu tecnicismo também passa por antecipar surpresas. E aí ele falha redondamente.
Ou então, será má-fé e Gaspar responde apenas aos seus ex e futuros patrões. Não quero acreditar...
Ou então, será má-fé e Gaspar responde apenas aos seus ex e futuros patrões. Não quero acreditar...
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