outubro 26, 2012

Estudo sobre os custos da Educação


Não desvalorizando (pois para que o assunto seja aceite por muitos são necessárias estas abordagens), o estudo em questão era inútil.
Qualquer um, que esteja por dentro desta matéria, sabe bem a que resultados se chegariam.

Veja-se este texto de Maio de 2011 sobre o serviço público prestado por estabelecimentos privados, onde se refere:

"Porque não se define o custo da educação, a aplicar num hipotético voucher? 
Simplesmente porque o mesmo pode variar absurdamente entre 32/22/25*25.000 (32 horas turma / 22 horas lectivas semanais docente em início de carreira / turma de 25 alunos * custo docente em início de carreira) e 32/12/20*75.000 (32 horas turma / 12 horas lectivas semanais docente em fim de carreira / turma de 20 alunos * custo docente em fim de carreira). Ou seja, entre 1,5 e 10 mil euros/ano.
Qual será o valor para o voucher? 1.500 Euros? 10.000 Euros? A média dos dois?
Não é fácil e aqui reside o problema, explorado pelos que estão satisfeitos com o status quo"

A verdade é que o custo em questão depende, em absoluto, dos salários dos docentes. E, menos relevantemente, do número de alunos em cada turma. Quando o Presidente do Tribunal de Contas há coisa de uns meses se referiu a este estudo, anotou haver muitas disparidades no investimento (custo para os contribuintes) entre zonas e escolas, com prejuízo para aquelas onde se encontravam os alunos mais desfavorecidos, mas não soube explicar a razão para esse facto.

A verdade, pura e crua, é que nas zonas e escolas socialmente mais deprimidas, os professores estão de passagem. E concorrem sempre que podem (e agora podem menos) para de lá sair rapidamente. E vão para uma escola, um pouco melhor, um pouco mais próxima do destino final que possam almejar.

Como a "carreira docente" em Portugal desenvolve-se num crescendo (significativo) de rendimentos, de escalão em escalão (mesmo que com progressões congeladas hoje e descongeladas amanhã), aliado a uma contracção do número de horas lectivas (por via da idade), é evidente que naquelas escolas onde estão os recém formados que ganham pelo mínimo e onde há muitos alunos e, por isso turmas grandes e pressionadas, os custos são baixos e nas escolas finais, onde os professores estarão no escalão 10 e há rarificação de alunos e horários zero, os custos/aluno são altos.

E nas Escolas privadas se obtêm valores inferiores à média pública pois em média, aí, os professores terão menos anos de carreira que é, por outro lado, menos bem remunerada do que nas escolas públicas. A restrição na entrada de novos docentes no sistema público (que se tem verificado nos últimos anos) só veio aumentar a "antiguidade" média dos docentes nas suas escolas (públicas) com repercussão nos respectivos custos, empurrando os novos formados para o sistema privado, a custo mínimo, por ser a única alternativa. Assim, não é de estranhar e até era de prever, custos inferiores na oferta privada.

Sem comentários: