março 03, 2012

Liquidez, onde?




Entretanto os Keynesianos pedem por mais e os alemães, por menos.

Por fim, Zilma queixa-se do tsunami monetário provocado pelos países desenvolvidos e que prejudica os emergentes.

Todos têm razão e todos estão errados.

A verdade é que, sem qualquer solução eficaz para os problemas que enfrentam, os países desenvolvidos ganham tempo e adiam a rotura. Criando liquidez. E injetando dinheiro na economia.

Mas, então, o que corre mal?

É simples. As economias atuais, nomeadamente as desenvolvidas, estão estruturalmente muito abertas, tanto à aquisição de bens externos (são a causa base dos seus défices e dívidas) como à colocação (fuga e saída) de recursos financeiros para onde estes ficam mais seguros e garantem maiores rendimentos.

Ora, numa economia desenvolvida, muito terceirizada, num ambiente de austeridade, o dinheiro deixa de ser gasto nos serviços não essenciais (onde está centrada muita da economia “desenvolvida” - negócio e empregos) e o consumo acaba por ser feito no essencial e básico (alimentação, energia e indústria), que, na maior parte das vezes se compra … fora. Afinal, muitas das políticas (comunitárias) dos últimos anos, têm valorizado e promovido a redução dos setores primários e indústria, valorizando os serviços (incluindo, e em força, também nas áreas da cultura, entretenimento,lazer, etc).

Assim, a liquidez colocada na “rua” pelos bancos centrais acaba nos países emergentes que produzem aquilo que é essencial e não acessório.

Acaba em novos títulos de dívida de países com muitos problemas (por obrigação, sendo uma das “condições” dos bancos centrais no acesso à liquidez).

E, a restante, assim que “toca” na economia e se transforma em poupança ou disponibilidade (por muito pontual que seja) é colocado pelas instituições bancárias que se prezam, onde ficará mais segura e for mais rentável. Ou seja, mais uma vez, longe dos países desenvolvidos, ou seja, na China, Brasil e outros países, onde há crescimento real.

É como deitar água fria para arrefecer chão quente num dia de calor e muito sol. Evapora-se logo… por muita água que se lance.

Depois, teremos as consequências...

Inflação e desequilíbrios. Pois esse dinheiro, impresso e criado a partir do nada, paga-se sempre. Pois se é verdade que se compram Iphones e LEDs com papel impresso na hora, esse papel (agora com valor, concedido por FEds e BCEs e outros) voltará, irremediavelmente, nas mãos de investidores vindos dos países emergentes, para comprar dívida americana ou empresas de electricidade portuguesas. E muito mais. 

Pelo que, neste processo, se trocam electrodomésticos por dependência financeira (e dependência, em absoluto, quando a financeira crescer demais) e por empresas nacionais que valem alguma coisa. 

Convenhamos que não é nada seguro…

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