outubro 14, 2011

Orçamento 2012 onde ficou o choque de competitividade?

Quando ouvi dizer que o Governo tinha acabado com o subsídio de Férias e de Natal, a minha primeira reacção foi de interesse:

Boa ideia. Assim, se fará o choque de competitividade sem mexer na TSU, onde todos receiam – apesar de erradamente - mexer”.

As empresas viam os seus custos (com o trabalho) reduzirem 14% e poderiam reflectir isso, nos seus preços, para ganharem quota nos mercados externos e internos. 

Mas, logo depois, entendendo que o Estado reserva a medida só para si (só para os seus funcionários), foi a desilusão total.

Percebemos que se na Função Pública a medida é de redução de despesa, no sector privado seria uma redução de receita (IRS e TSU). Mas isso não justifica a inacção.

Passos pensou apenas no Estado e no seu défice. E carregou sobre os seus funcionários. Que pagarão o défice público, não se tendo colocado sequer a possibilidade de se reduzir o próprio Estado, reduzindo os serviços que presta e os benefícios que distribui (a menos das pensões).

Não adianta falar na fusão de institutos, redução de organismos e cargos. Isso é demagogia e não tem quaisquer efeitos visíveis em termos orçamentais, muito mais quando se salvaguarda toda a acção estatal (serviços prestados a cobrar, subsidiados e gratuitos).

O País ficou, novamente, adiado. Até porque, sem reduzir os custos de produção, não vamos lá. Lá, ao equilíbrio das balanças comerciais, único caminho (sim, não é o crescimento - não é mesmo - que nos garantirá isso) para chegar a algum sítio melhor…

A meia hora de trabalho, a mais, no sector privado, é um erro tremendo. Só trará mais desemprego… E, por isso, menos gente a produzir e mais despesas sociais. Sempre mais…

Considero, até, que a redução do tempo de trabalho seria muito mais útil, neste momento. Claro que, sempre associado a uma redução da remuneração (que poderia ser esta mesmo, alargada ao privado). Meia hora em cada sete (por dia) contra a eliminação de 1/7 do rendimento (dois ordenados em quatorze). É uma oportunidade perdida de distribuir um pouco mais o (pouco) trabalho disponível. Aí, com mais gente a produzir e menos desemprego, o Estado teria que assumir menos despesas sociais. 

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