Quando ouvi dizer que o Governo tinha acabado com o subsídio
de Férias e de Natal, a minha primeira reacção foi de interesse:
“Boa ideia. Assim,
se fará o choque de competitividade sem mexer na TSU, onde todos receiam –
apesar de erradamente - mexer”.
As empresas viam os seus custos (com o trabalho) reduzirem 14%
e poderiam reflectir isso, nos seus preços, para ganharem quota nos
mercados externos e internos.
Mas, logo depois, entendendo que o Estado reserva a medida
só para si (só para os seus funcionários), foi a desilusão total.
Percebemos que se na Função Pública a medida é de redução de despesa, no sector privado seria uma redução de receita (IRS e TSU). Mas isso não justifica a inacção.
Passos pensou apenas no Estado e no seu défice. E carregou
sobre os seus funcionários. Que pagarão o défice público, não se tendo colocado sequer a possibilidade de se reduzir o próprio Estado, reduzindo os serviços que
presta e os benefícios que distribui (a menos das pensões).
Não adianta falar na fusão de institutos, redução de organismos e cargos. Isso é demagogia e não tem quaisquer efeitos visíveis em termos orçamentais, muito mais quando se salvaguarda toda a acção estatal (serviços prestados a cobrar, subsidiados e gratuitos).
O País ficou, novamente, adiado. Até porque, sem reduzir os
custos de produção, não vamos lá. Lá, ao equilíbrio das balanças comerciais, único
caminho (sim, não é o crescimento - não é mesmo - que nos garantirá isso) para chegar a algum sítio
melhor…
A meia hora de trabalho, a mais, no sector privado, é um erro tremendo. Só trará mais
desemprego… E, por isso, menos gente a produzir e mais despesas sociais. Sempre mais…
Considero, até, que a redução do tempo de trabalho seria muito mais útil, neste momento. Claro que, sempre associado a uma redução da remuneração (que poderia ser esta mesmo, alargada ao privado). Meia hora em cada sete (por dia) contra a eliminação de 1/7 do rendimento (dois ordenados em quatorze). É uma oportunidade perdida de distribuir um pouco mais o (pouco) trabalho disponível. Aí, com mais gente a produzir e menos desemprego, o Estado teria que assumir menos despesas sociais.
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