outubro 11, 2011

Balança Comercial: bons sinais

Vendemos 10,3 (+13,9%) e compramos 13,6 (-5,2%). 
Assim, o défice reduz-se bastante, mas o equilíbrio ainda está longe.
E está nesse equilíbrio (e nos possíveis excedentes) que se encontra a solução para as nossas finanças e a saúde para a nossa Economia.

Ao contrário do que se quer fazer crer, nada se resolve com crescimento económico. E esse é o maior erro que todos os (penso que sem excepção) economistas e comentadores na comunicação social incorrem.

Viciados que estão, na tese económica dos últimos decénios (o do crescimento económico sempre crescente) não realizam que esse processo (nos países desenvolvidos) já chegou ao fim, há alguns anos. Mas insistem.

Desde o início do milénio que estes países crescem (quando crescem) à custa de financiamentos externos. Que, um dia, terão de ser pagos. Infelizmente, entra mais dinheiro emprestado (em % do PIB) do que se consegue (a partir dele) fazer crescer a Economia (% PIB, bem inferior).

A "pescadinha de rabo na boca" que se cria é grave e aponta para um esquema de Ponzi com consequências imprevisíveis: conta-se com o crescimento económico futuro (que não virá) para se pagar essas dívidas...


Aceitar que a solução não está no crescimento (pelo menos no ponto em que nos encontramos) mas sim nos défices. E em todos eles, sem excepção: comercial, financeiro, orçamental, empresarial e pessoal.

A verdade é que só podemos pagar as nossas dívidas se gastarmos menos do que produzimos. Aí, liberamos recursos para o efeito.

Paralelamente até seria bom podermos crescer. Mas se crescermos nos gastos ao mesmo nível do que crescemos no que produzimos, isso de nada servirá...

Que a poupança é essencial e que teremos - todos e a todos os níveis - de nos ajustar às disponibilidades reais. E que, ao se gastar, devemos nos limitar ao que conseguimos poupar. Mais uma vez, ao nível do País (importações-exportações), do Estado, das Empresas e dos Particulares.

Nesta mudança, temos que aceitar:

Que vamos descer o nível de vida.
Que vai aumentar o desemprego nos sectores que dependem de importações, nas áreas do lazer e nas que prestam serviços não essenciais.
Que a recessão é incontornável e uma consequência da cura e não um sintoma da doença.
Que teremos que procurar sectores alternativos para onde concentrar o nosso investimento: o sector exportador, a industria de produção de bens e serviços transaccionáveis para consumo interno, o Turismo e, o mais importante, o regresso e incremento do tecido económico nos sectores primários (agro-pecuária, pescas), o Mar e a Energia.

O nosso problema mais grave é o ponto em que estamos. Bem dentro do "buraco" da dívida. Situação que nos levou - e leva, paulatina e diariamente - os recursos financeiros que libertamos (a tal poupança) para fora do País. Para os "mercados financeiros". 

Recursos que, depois, até podem (ou não) voltar travestidos de apoios FEEF ou FMI, com custos agravados por conta dos spreads, garantias e seguros - na sua aplicação - que se juntam aos mesmos. E isto quando não são canalizados para outras zonas do globo, muito mais ávidas e gastadoras. Onde fazem a diferença (mantêm a ilusão e adiam a rotura) nas respectivas economias. 

Como os EUA que, numa única decisão, a meio do ano, fez subir o limite da sua dívida - pelo que criou uma brutal e repentina necessidade de liquidez junto aos mercados financeiros - em 2,1 milhões de milhões de dólares.

Obviamente que, assim, desaparece a liquidez do mercado mundial. Seja onde for...
Porque, esquecendo as "engenharias financeiras" - que se pagam sempre, num futuro mais ou menos curto, mais ou menos longo - não há excedentes e poupanças mundiais que cubram todos os - crescentes - défices mundiais que os países desenvolvidos estão a produzir, insistentemente, na última década.

Apesar disto, os economistas continuam atrás do crescimento (o seu santo graal) mesmo que para o atingir seja necessário mais e mais recursos, só obtidos por via de mais endividamento, logo, com mais problemas associados. Até à rotura final...


Ler propostas no blog Existência Sustentada

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