agosto 09, 2011

Tottenham, Oslo, Bruxelas, Washington

Todos os acontecimentos vividos nestes locais resultam do mesmo problema estrutural em que vivem os países desenvolvidos.

Todos os países, sem excepção. Apesar de cada um, com efeitos diferentes.

Desde há, pelo menos, uma dezena de anos, os países desenvolvidos têm vindo a perder gradualmente a capacidade de produzirem riqueza. Por muitas razões, todas elas motivadas pela Globalização.

O sistema político (a Democracia) vigente, apesar de ser o melhor que se conhece, tem mostrado incapacidade evidente, de lidar com a situação. Confiantes, as populações elegeram sucessivamente, nos últimos 20 anos e em muitos Países, para a sua governação, políticos-cigarra, a maioria na área do Socialismo de 3ª via.

Uma lástima. Como seria de esperar, sabiam e sabem todos e bem, distribuir. O que fizeram. A partir do que tinham e do que não tinham. Geriram a riqueza que produziam e aquela que foram pedindo emprestado (por via dos défices que criaram e/ou mantiveram). As dívidas subiram, sempre com a expectativa (e ilusão) de um crescimento futuro.

Agora, adveio a Crise e todos enfrentam problemas graves. Principalmente as novas Gerações. E continuam à espera do crescimento económico. Para resolver a dívida e empregar os desempregados. Ora, o crescimento e o Desenvolvimento não virá. Pelo menos nas condições esperadas.

Se formos avaliar estes últimos dez anos, verificamos que o crescimento económico medido nos países desenvolvidos é incomparavelmente menor do que as injecções financeiras de que beneficiaram através dos défices que se acumularam nas várias dívidas (pública soberana, empresas e pessoais) …

Na prática, significa que, desde há muito, estes países vivem numa espécie de ilusão do crescimento. Pois, na realidade, em termos absolutos, vivem um período contínuo de queda de produção e rendimento real, só disfarçado, até agora, pelo endividamento permitido e assumido (muito superior ao referido crescimento).

Esta situação problemática, de queda de rendimento, continuará. Pois, nestes países, a estrutura produtiva já saiu ou está de saída. Mas agora, enfrentarão um período complexo, sem crédito disponível e, enfrentando a necessidade de ressarcir os credores das dívidas assumidas na fase anterior… Ao período das cigarras advirá o período das formigas.

O problema não é Mundial. O problema é dos países desenvolvidos. E mais fortemente, dentro destes, dos mais mal comportados. 

O problema é geral e de todos eles, que cresceram para além do aceitável face ao Planeta em que vivemos. E que agora terão de se ajustar… perante o advir de outros países e economias, em desenvolvimento, também à procura do seu quinhão da riqueza mundial.

Depois desta fase de ilusão, os países desenvolvidos farão esse ajustamento. 
À força ou conscientemente? 
Em rotura ou acomodando os impactos sociais? 
Em anarquia ou em democracia?

Oslo. A Noruega é rica. Mesmo muito rica. O petróleo que possui garante-lhe essa riqueza. Daí que nada tenha a ver com a crise das dívidas soberanas. Mas, como é evidente, nem alí haverá escapatória. A sociedade abriu as portas a outros habitantes vindos de outras culturas para satisfazer as suas necessidades (empregos mais básicos e não aceites pelos locais novos-ricos). Um louco entendeu antecipar os problemas e agiu contra aqueles que entendeu serem os decisores desse (seu e negro) futuro…

Problemas que se viveram há poucos anos, em França (Sarkozy era Ministro do Interior) e que se vivem, agora na Inglaterra.

Problemas que se juntam a outros. Geracionais também. Motivados pela falta de Trabalho. Mas tudo com a mesma origem. O ajuste mundial da distribuição de riqueza. Que é já imparável.

Alguns países desenvolvidos julgam-se imunes à situação agora vivida.

Cedo entenderão que poderão advir, também no seu território, os mesmos problemas culturais (como em França e na Inglaterra) vindos do grupo (enorme) de imigrantes vindos de países muito distintos, que se mantêm activos nos empregos mais desprestigiantes e que garantem a saúde da sua economia ao assegurarem essas funções (a baixos custos). A 2ª geração, desses grupos de imigrantes, terá outras necessidades, exigências e métodos de persuasão…

Cedo esses países vão perceber que a liquidez financeira que ainda existe no seu sistema - ao contrário do que acontece noutros países comunitários - e que lhe permite o acesso a crédito barato, apenas se mantém porque se tornaram nos países-refúgio das disponibilidades financeiras ainda existentes. Uma situação volátil...

E também entenderão que grande parte dos seus excedentes e impostos cobrados em passados recentes se devem (deviam) em grande parte, a exportações só possíveis face às encomendas dos seus parceiros comunitários e outros aos quais, hoje, contestam o despesismo. Acabando estas, acabam aqueles…

E tudo isto enquanto a mãe de todas as dívidas soberanas não der de si.
Nos EUA, os problemas que se seguem às ilusões socialistas de Obama, já estão à vista de todos. Problemas que se acentuarão quando se entender que não basta subir o nível da dívida admissível. É preciso que haja quem lá meta esse dinheiro sucessivamente, todos os anos e que, simultaneamente, não comece a retirar, gradualmente todo o outro dinheiro já lá metido, antes…

O futuro começa a ser muito claro.
E esse futuro é de ajuste - em baixa - nas economias dos Países desenvolvidos. Em todos...
Resta saber se as democracias desenvolvidas acomodarão controladamente esta situação… impedindo a queda na anarquia. Pois aí, nesse caso extremo, acomodar-se-ão muito melhor, os grupos de jovens, vindos de outras culturas e oriundos de países habituados a esse tipo de vida…

Há mais de um milénio e meio, uma civilização romana inteira, desenvolvida, foi tomada pelos bárbaros… Sem apelo nem agravo. Seguindo-se um período negro, de estagnação que durou séculos.

Os links, neste texto, endereçam para o blog Existência Sustentada.

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