agosto 05, 2011

Não há crise de dívida soberana

A crise não é da dívida.
A crise é dos défices. De todos: comerciais, públicos, empresariais e pessoais.

E aqui se encerram todos os erros que têm sido cometidos nos últimos tempos.

Nos EUA e na Europa.

Toda a discussão se vai fazendo ao nível dos tectos de endividamento (EUA) e na ajuda comunitária que é (Grécia, Irlanda, Portugal) ou pode ser (Itália, Espanha, Bélgica) necessária para que se possa pagar a dívida e, ao mesmo tempo, ganhar com isso, a possibilidade de assumir outra ainda maior, por via dos défices estruturais (que são o verdadeiro problema).

A dívida soberana deixaria de ser um problema se os défices fossem resolvidos (se fossem reduzidos a zero).

Com défices contínuos, o caminho é em direcção ao abismo. Porque a dívida cresce sempre até que … quem empresta deixará de o fazer.

Aí, tudo se desmorona. Porque não há mais dinheiro para pagar as dívidas anteriores, nem para acomodar o défice (ou o parasitismo, como referiu Putin).

Nos EUA, o tecto da dívida foi aumentado em 2,1 milhões de milhões de dólares.
Ninguém pensou que poderá não haver quem esteja disposto a emprestar esse valor?
Ou que isso poderá “secar” a liquidez no mercado financeiro? Fazendo subir o preço do dinheiro?

E que isso fará disparar ainda mais o problema no mundo desenvolvido?

E que as soluções pedidas pela Europa pobre à Europa rica são soluções do mesmo tipo? Mais dinheiro para acomodar défices e o pagamento de dívidas antigas, para assegurar novas dívidas, sempre crescentes?

E que poderá não haver dinheiro para tudo isso?
Ou seja, poderá haver défices a mais (nos países desenvolvidos) e excedentes a menos (nos países emergentes)?
Porque não há mesmo (o Planeta não é infinito em recursos).
Ou porque, ganho o trabalho e o poder financeiro mundial, os Países em crescimento (desenvolvimento) passarão a desviar os recursos que libertam, para a subida da qualidade de vida das suas populações, em vez de suportar os níveis de vida (parasitários) das populações dos países desenvolvidos, muitos degraus acima dos níveis a que acedem as suas?

Chegou a vez dos outros. E é só isso que os Países desenvolvidos têm de entender. Vão ficar mais pobres. Mas todos. Não se pensam que se safam alguns (alemães ou os suíços)...
E entender isso significará acomodar (o mais possível) uma queda que se tornará regular mas (esse é o desafio) que terá de ser entendido, aceite e controlado, com o mínimo de choques sociais.

Vamos viver pior…
Uns sempre pior que outros, em função dos recursos disponíveis, capacidade de organização, trabalho e orientação política (liderança esclarecida).

Uns chamam retrocesso civilizacional a este processo.
Certamente aqueles que, egoístamente só olham para o seu umbigo.
Porque se olharem para a China, Índia ou para o Brasil, verificarão que apenas se faz um ajuste global nas injustiças mundiais.
O que não gostam eles é que o processo - que era o objectivo internacionalista do socialismo - se faz pela via do … capitalismo.

E já tudo começou. E, não tenhamos dúvidas: não há alternativa, nem possibilidades de recuo.

Falar em perspectivas de crescimento é o engano a que temos estado sujeitos.

Sem comentários: