O PS não deve achar que todos os portugueses são enganáveis.
Mas deve achar que aqueles que o são, são em número suficiente para poder decidir enveredar pelo caminho que, assumidamente, decidiu seguir: a mentira. O PS decidiu em Matosinhos que repetiria a mentira muitas vezes e com vigor, até que a versão apresentada se pareça com a verdade.
Para o PSD (e para os outros partidos da oposição) este é um desafio difícil. Afinal, ao contrário da mentira, a verdade só tem uma versão. Assim, é muito mais difícil de tratar dela. De a embrulhar e tornar atractiva para os eleitores.
No plano inverso, a mentira é muito mais interessante do ponto de vista eleitoral. Pode ter muitas versões, cores e formas. É o que se quiser, para a tornar atractiva.
Perante esta opção directa pela mentira, poderíamos perguntar como ficam os “homens bons” que existem no PS. Não deve ser fácil. Ou então – o que não queremos acreditar – não há homens bons no PS… Haverá pela certa. Mas não naquele grupo de extremistas fanáticos que, em Matosinhos, vociferou que estava com Sócrates. Ou seja, com a mentira.
Os indefectíveis estão – sempre e todos – com Sócrates, assumindo a estratégia baseada na mentira (suportada – interessadamente - por muita da comunicação social). Será essa a estratégia que assegurará o número suficiente de eleitores de entre o resto da população (a que é enganada de uma forma mais ou menos fácil) para os objectivos do PS sejam atingidos.
As grandes mentiras são:
1)A crise internacional é a culpada pelo estado das contas ... portuguesas
Nada disso. A crise internacional de 2008 foi uma crise de bancos e de determinados produtos financeiros que estes comercializavam. Portugal não estava exposto (felizmente) a este problema. Para salvar os seus bancos e os seus depositantes/investidores, os governos dos países atingidos decidiram agir. E criaram dívida, para tapar os "buracos” desses bancos com recursos públicos. Essa foi a razão das suas dívidas e dos respectivos problemas orçamentais que, numa economia equilibrada, são resolvidos e ultrapassados em pouco tempo. O que aconteceu…nesses países.
Em Portugal a situação é totalmente diferente. O PS vinha a seguir uma política errada. Chegados a 2008, e perante uma possível derrota eleitoral em 2009, Sócrates agiu. Deu a crise como finda e tratou de gastar sem controlo. Baixou o IVA, aumentou ordenados, criou novas subvenções sociais. Como consequência directa, o défice subiu até aos 10% (e a dívida em paralelo). Chegou para as eleições mas, infelizmente, também para colocar o País a caminho da bancarrota. O BPN foi apenas um caso acessório que o governo achou por bem (mal para o País) de salvar. Sem nada ter a haver com a crise internacional. E o governo agiu assim, apenas porque era ele (o Governo) o “investidor” do banco que mais teria a perder. Assim, em vez de deixar cair e ser “levado” na água suja do banco, reencaminhou o problema para os contribuintes.
2)O PEC4 era suficiente e tudo se encarrilaria depois, sem necessidade de ajuda externa.
A troika já clarificou. Mas a mentira mantém-se. O PEC4 era totalmente ineficiente para os fins propostos (4,6% de défice e reabertura dos mercados para financiamento). Porque era apenas a sequência dos anteriores PECs e o predecessor dos seguintes. A trajectória dos juros não se inverteria (bem acima dos 7% definidos como limite por Teixeira dos Santos) e os mercados já estavam arredados há mais de 1 ano dos leilões portugueses (apenas apareciam os bancos portugueses "travestidos" de mercados que faziam um teatrinho orientado por Constâncio - que lhes emprestava a 1%, secando a liquidez que deveria ser destinada à economia).
Mesmo dando de barato que o Memorando FMI aprovado pelo PS contém um PEC4 reforçado, as suas medidas vão conduzir a um défice de 5,9%. Logo, é evidente que menos medidas (o PEC4 original, não reforçado) nunca poderiam conduzir a um défice 1,3% mais baixo...
Finalmente, o “acordo” internacional dado ao PEC4 pela UE e pela Comissão, que o PS tanto apregoa, não adiantaria nada… pois só a Ajuda Externa, nos termos em que se verificou, traria, para além da avaliação externa (contornando as mentiras governamentais), as medidas estruturais - para além das fiscais e orçamentais - necessárias (mesmo) e o empréstimo dos 78 mil milhões.
Como era evidente, os “mercados” já lá não estavam, os bancos portugueses não tinham mais folga e, finalmente, vinham aí os meses de Maio e Junho, com compromissos massivos, tão temidos pela tesouraria nacional e por Teixeira dos Santos: a bancarrota pura e dura.
3)A recusa do PEC 4 e a queda do Governo é que causou a necessidade de ajuda externa que nos trouxe o Memorando do FMI.
Sim. Foi a última gota. A necessária para evitar que Sócrates prosseguisse na sua ilusão e mentira, levando Portugal até à rotura, PEC após PEC, bancos à falência e juros até a estratosfera.
A mentira do PS passa por tentar confundir a “gota” final que levou ao transbordo (necessidade de empréstimo de salvação nacional) com o “balde já cheio” pela desgovernação socialista.
Em paralelo, tenta-se também passar a mensagem que a oposição deitou o Governo abaixo. Não. Este demitiu-se para não ser levado à evidência de aceitar a necessidade de recurso à Ajuda Externa.
O Memorando elenca todas as consequências dos seis anos de Sócrates. São a sua herança. Por muitas mentiras que o PS tente impor.
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