abril 05, 2011

E agora, Portugal?

Durante anos vivemos acima das nossas possibilidades (Estado, Empresas e Famílias).
Por isso e para isso, em défice constante. O que fez acumular dívida.

Se o défice pode ser, em determinadas situações, virtuoso.
Se a dívida, até um determinado valor, é aceitável e gerível.

Foi totalmente incompetente e irresponsável (mas muito socialista e solidário) criar défice a partir de despesas correntes geradas por um estado social que só é dinâmico no crescimento e inflexível na contracção.

É essa governação, dessa forma, incompetente, que, ao deixar crescer a dívida, nos coloca hoje,  em risco de bancarrota.

Pior ainda é recusar tomar as medidas necessárias para fazer face à situação.
Teixeira dos Santos referiu os 7% como o limite máximo do sustentável no referente ao financiamento público. Já estamos nos 10%.


Agora, para não solicitar a ajuda do FEEF, prendem-se os socialistas, a aspectos formais, sem deixarem de continuar a se financiar a taxas proibitivas que (não eles mas) outros responsáveis e todos os Portugueses serão obrigados a pagar no futuro (muito breve, face à contratação desses empréstimos a curto prazo).

Passo Coelho precipitou-se no derrube do Governo.
Se é certo que os incompetentes que lá estão, tinham mesmo que sair pois são parte do problema (criaram-no), a verdade é que podiam ter sido obrigados a lá ficar mais uns meses, a chafurdar um pouco no pântano que criaram.

Desta forma, acabaram por sair antes da altura devida, o que obriga, agora, a um esforço acrescido para demonstrar ao eleitorado que “a chamada dos bombeiros, por si só, não evita as perdas causadas por um incêndio”. E que o incêndio e as perdas associadas ao mesmo respeitam exclusivamente aos incendiários que, ao mesmo tempo, ainda retardam a chamada dos bombeiros.

Tivemos uma governação incompetente que “brincou com o fogo” ao gastar demais, com efeitos directos no crescimento da dívida. Incendiou e destruiu o que se tinha ganho ao logo de muitos anos.

Os PECs e a queda de qualidade de vida que vamos enfrentar nos próximos anos serão uma consequência directa das governações dos últimos 15 anos. E ninguém poderá evitar isso. Tal como não se pode travar uma avalanche a meia encosta. Aí, resta-nos esperar que a situação estabilize, fazer o rescaldo e preparar o futuro.

Com ou sem Sócrates, estamos ainda na fase em que a avalanche está a descer. Não se pode esperar que um qualquer consiga travar essa avalanche. Ou que possa inverter a sua marcha para o sopé da encosta. É impossível.

Daí que tivemos e teremos 3 momentos:

1)A escolha de Sócrates para governar e a sua governação (com Sócrates).

Distribuiu o que tinha e o que não tinha. A galinha (a economia) dos ovos de ouro (o estado social) foi esfolada.

2)As consequências da Governação de Sócrates (sem Sócrates)

A queda do nosso nível de vida será brutal. Para nos colocarmos ao nível do que produzimos (que é cada vez menos) e para pagar o que devemos. Sócrates vai “lavar as mãos” deste momento. Que é consequência da sua governação. Afinal ele só pegou o fogo. Só desencadeou a avalanche. O fogo destruiu os bens? A avalanche vai destruir o vale? Não sabe de nada… a culpa será de quem chama os bombeiros e de quem terá que desencadear o resgate. E o País? Terá de partir do zero? Ou abaixo disso face à dívida por pagar? Não sei, dirá Sócrates, na campanha eleitoral, eu já nem estava lá… ou estava, mas … só em gestão. (E em gestão, só se nomeiam boys…)

3)O período de recuperação do crescimento (idem)

Tudo poderia ser melhor se o problema anotado atrás pudesse ser clarificado. E isso passaria pela auditoria das contas públicas e da verdadeira situação do País, antes das eleições. Aí, talvez o PS pudesse ser penalizado como devido, abrindo caminho a uma maioria forte que pudesse operar a mudança. Infelizmente, isso não deverá acontecer. Aparentemente todos fogem da realidade e as contas não vão - mesmo -  ser auditadas (em tempo útil).
Sócrates é lutador. Tanto quanto foi incompetente. E grande parte da máquina da comunicação social está com a esquerda. É suicida. Prefere, por preconceito ideológico, uma esquerda que leva o país à falência (e à anarquia) a uma hipótese pragmática de recuperação, mesmo que a partir de (bem) baixo.

E agora, Portugal?

Infelizmente, não teremos saída.
               
Sócrates atirou muitas pedras ao ar. Algumas ainda estão para cair. Talvez a maioria, talvez as maiores. As eleições não vão clarificar. As forças políticas ficarão distribuídas de forma muito próxima daquelas que foram dissolvidas por Sampaio. A única diferença será termos Cavaco na Presidência. Mas isso não bastará. Porque o PS logo se juntará à esquerda, na pressão de rua, com grande parte da comunicação social, a contestar e impedir tudo o que é efectivamente necessário.

Não haverá força política institucional para gerir essa situação.

É que, as tais pedras atiradas por Sócrates, para o ar (só atirei para cima, dirá), farão muitos estragos e terão enormes consequências sociais. Nessa altura, será demasiado fácil o discurso pró-social, sem responsabilidades na sua sustentação financeira. Onde se colocará o PS pois, depois de ter sido ele a atirar as pedras para cima, colocar-se-há ao lado dos mirones (ao resto da esquerda) a assistir às consequências.

1)A Euribor vai começar a subir, mesmo. A pressão sobre as famílias, nos seus créditos habitação, será enorme, face aos restantes esforços, já impostos e por impor (as tais pedras atiradas por Sócrates para o ar e que ainda faltam cair).

2)Os Bancos portugueses ficarão no vermelho (tinto) nos próximos testes de stress (devido à exposição à dívida nacional). Logo, perderão o apoio do BCE no respectivo financiamento, dos mercados e ainda (cereja negras em cima do bolo, já estragado), verão lhes cair no “regaço” milhares de hipotecas resultantes dos contratos de crédito de habitação incumpridos.


3)O governo, seja lá qual for, vai chamar os bombeiros. O incêndio já se arrisca a passar para as casas dos vizinhos. Virá o FEEF e, com ele, novas imposições. O FEEF não impedirá que as pedras (lançadas para o ar, por Sócrates) caiam. Tão só criará uma situação de alguma protecção financeira que permita uma hipótese de recuperação – lenta e muito difícil - dos efeitos da sua queda …


4)Parte dos recursos do FEEF terão de ser direccionados para a Banca (eliminando a sua actual dependência da dívida pública e criando alguma protecção para o efeito dramático da explosão da bomba relógio que é o crédito habitação). Esses recursos serão pagos. Depois. Por quem? Pelos clientes.


5)As empresas públicas serão das primeiras afectadas. As suas receitas, principalmente no sector dos transportes internos, sem concorrência, serão multiplicadas. À custa dos utentes que verão os preços subir (mesmo muito) até se colocarem ao nível das despesas das empresas.


6)Mais pedras (PECs) cairão sobre os portugueses: afinal, há ainda muita despesa por cobrir e muita dívida ainda por pagar: mais cortes salariais, mais impostos (IVA e não IRC ou IRS), menos benefícios sociais. Sim, ainda mais… pois as pedras atiradas ao ar acabam, mesmo, e sempre, por cair.


7)Subsídios de férias e de Natal em Títulos do Tesouro serão o mal menor. O mais provável é que se perca mesmo uma parte dos mesmos.
               
E, tudo isto são ainda os efeitos das pedras de Sócrates. Nada têm a haver com o que será necessário fazer depois… Aí, já na componente da reconstrução do País. Seria aqui que deveria ser concentrada a discussão eleitoral. O novo País, a construir a partir do pântano e dos cacos deixados por Sócrates. Não vai ser. Pois ele ainda estará lá. E vai ser actor principal.
               
Infelizmente a democracia tal como a conhecemos hoje, não trará saídas para este problema. Apesar das consequências, as eleições colocarão no poder, sempre, aqueles que satisfarão as exigências das maiorias. Maiorias que mudaram:


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