E comer o pão que amassou.
O primeiro ministro ajuizou a sua situação e lançou todos os trunfos.
De uma forma calculista, antecipou-se ao inevitável e encurralou Passos Coelho e Cavaco.
O inevitável é a ajuda externa.
Sócrates saberá bem que não a evita. E, sabendo isso - muito mais do que sabemos nós - quererá sair antes que ela venha.
Até porque se definiu (definiu ele próprio) que a ajuda externa era o comprovativo do seu insucesso.
Com a ajuda externa vêm mais medidas difíceis. Que se sucederão umas atrás das outras.
Se Sócrates sair antes, essas medidas - provocadas pela sua gestão - serão "varridas" pelo staff de marketing do PS para debaixo do tapete de outros (que terão essa herança para gerir).
Melhor (para Sócrates e não para o País): essas medidas serão culpa de quem - com uma decisão - desencadear a vinda da tão temida ajuda externa, branqueando quem levou o País - em anos sucessivos de má gestão pública - à situação de as ter de enfrentar.
Passos Coelho deve deixar de negociar com o Governo - o que já terá feito.
Mas não deve provocar activamente a queda do Governo.
É ainda, cedo de mais. Sócrates deve "amarelar" mais um pouco.
O PEC4 deve passar mas por conta e exclusiva responsabilidade do PS, perante os Portugueses.
Depois, virá o PEC5 e o PEC6, até vir a ajuda externa. Porque a ajuda externa será, em alguma altura, a curto prazo, uma realidade. Só não sabemos quantos PECs terá Sócrates tempo para activar.
Finalmente (ufa...) será essa ajuda externa que, depois de assumida, deverá ser o tiro de partida para novas eleições. Para voltar a dar ao País a capacidade de decidir. Depois de ficar bem claro quais as consequências do que fizeram quem nos governou nos últimos anos.
Os outros - porque têm de ser outros - vêm depois. Para voltar a reerguer o que foi desbaratado.
Como ultrapassar a situação:
O PSD volta a abster-se na votação do PEC4, sendo o bastante, para diferenciar a situação das anteriores, o corte da negociação com o Governo e uma declaração de voto onde deve anotar que o PSD é contra as medidas, que estas são da exclusiva responsabilidade do PS e que só não vota em conformidade (ainda) perante o facto do Presidente da República - Cavaco deve iniciar aqui, activamente, a sua legislatura de intervenção - e a Comissão Europeia terem feito essa solicitação, no interesse nacional. Uma posição a manter, a prazo, até a vida da ajuda externa.
Podem também, os deputados do PSD se ausentarem do hemiciclo, no momento da votação, discordando do facto destas medidas irem ao Parlamento (deveriam ser tomadas e aprovadas apenas pelo Governo que as assumiria sozinho), deixando apenas, para trás, o líder da bancada parlamentar que só, votaria contra as medidas e emitiria uma declaração de voto em conformidade.
Duas saídas com um só objectivo: deixar Sócrates a sós com a embrulhada em que nos meteu a todos.
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