Sócrates foi táctico. Como sempre, mestre na politiquice.
Agiu com as cartas que tinha na mão e conseguiu colocar em xeque Passos Coelho.
É o tudo ou nada. O mata-mata.
Passos Coelho não tem recuo possível. Afirmou que, com o PSD, não haveria mais PECs e medidas para este ano. Colocou todas as cartas na mesa.
Sócrates idem. Avançou com as medidas (sem as ter garantido) junto dos seus parceiros europeus. E agora, depois de ter dito que se queria manter “orgulhosamente só” e que bastava-se a si próprio para resolver o problema, vem argumentar que a Europa só ajuda (afinal, precisamos de ajuda) com estas medidas em carteira (PEC4).
Temos que salientar a estratégia. É calculista. O PS aposta na saída imediata (o que só o beneficia pois deixará de assumir parte de muita da “porcaria” que criou), salvaguardando-se para o próximo embate eleitoral ou, em alternativa “alia” o PSD à responsabilização pelas medidas que, gradualmente, vai impondo (até de uma forma unilateral), adiando a mudança necessária até ao limite.
Parece tudo entalado.
Parece que tudo se alinha para que o PS atenue os efeitos da referida “porcaria” da sua responsabilidade: apressando eleições (e fugindo a uma grande parte da responsabilidade pela situação) ou associando o PSD à mesma, através da viabilização conjunta das medidas correctoras.
Mas há saída:
O Presidente da República deve iniciar já a sua magistratura activa.
E apontar já para uma rotura. Para eleições antecipadas a médio prazo, mas não para o imediato pois isso poderá causar mais prejuízos ao País. Mas não se deve inibir de referir que não deverá caber a estes decisores, que levaram o País à situação calamitosa em que se encontra, a trilhar o percurso da recuperação. Pelo menos, sem que, antes, o povo português se pronuncie. Antes, deverá assegurar que é a eles (PS e Sócrates) que dever caber a responsabilidade de tomar as medidas - correctoras - difíceis.
Perante isso, Passos Coelho não deve recuar em relação ao que afirmou – e bem – dias atrás: o PS deve tomar as suas medidas, resultantes do que fez e do que foi decidindo nos anos em que foi e tem sido poder. Mas deve toma-las só e assumir só, a responsabilidade por elas.
Sócrates quer consumar o facto rapidamente. Quer cair, pois a "batata está quente". O PSD não lhe deve fazer o favor. Na próxima semana, devem estar na Assembleia, para a votação do PEC4, apenas os deputados necessários para que o PS aprove, sozinho, as suas medidas, sem prejuízo do voto negativo, com declaração de voto associada, dos deputados do PSD presentes (que serão apenas os necessários para que o PEC4 seja viabilizado).
O PS poderia fazer o mesmo. Para provocar a queda imediata do seu Governo a fim de não cair mais ainda penalizando o resultado das eleições que se seguirão. Mas aí, cairia a máscara socialista. Pois ficaria claro que o PS não quer mais governar. Pois sabe que, em qualquer situação é incontornável a ajuda externa que "marcou" e marcaria a confirmação insucesso da sua governação.
Assim, o PSD actua no interesse nacional, reagindo ao alerta presidencial.
O PS faz vingar mais estas medidas penalizantes para a população, com a argumentação de que são necessárias para evitar e para viabilizar a ajuda externa. É confuso? É.
Em qualquer caso, virá a ajuda externa. Confirmando o insucesso da política socialista, do PS e de Sócrates. O que justifica a imediata moção de censura do PSD e as eleições antecipadas. Mas sempre depois do PS ter acompanhado os resultados da sua acção. Até ao fundo da situação. Até à ajuda externa. Seja ela qual for, do FMI ou do FMI disfarçado de qualquer outra coisa.
De tudo isto se infere que teremos eleições em breve. Mas que não podem ser a tão curto prazo como quer o PS. Pois isso só inibirá o crescimento da sua responsabilidade pela situação criada. E permitirá a Sócrates o mesmo que a Guterres. Uma fuga precoce que potencialize o regresso (do PS) ao poder a médio prazo. O que é mau para o País.
Muitos até podem criticar o procedimento e algum tacitismo político. Mas é o necessário face ao rei (Sócrates) dos tacticismos. E será aquele que, mais incisivamente, defenderá o (nosso pobre) País.
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