junho 17, 2013

Há greves e greves

A greve de hoje, aos exames, tem sido bastante escrutinada. O direito à greve, a indiferença perante as suas consequências, os serviços mínimos não decretados.
Afinal, o que pretendem os sindicatos de professores?
Manter os direitos dos seus associados. Nada mais normal.

Mas, o problema coloca-se no seguinte ponto: querem os professores mais do que terão os seus colegas funcionários públicos? Numa conjuntura de ajuste socioeconómico à realidade, depois de anos e anos a viver com recursos emprestados (ao Estado)?

O facto das suas greves serem mais visíveis e da sua “dimensão” ser mais significativa dará vantagens claras às corporações mais fortes face aos contribuintes que terão que “pagar” a diferença pelo que lutam. Onde fica a justiça e a igualdade?

Ou estamos numa situação de profunda injustiça onde as maiores corporações podem (por via da greve) obter vantagens sectoriais à custa de todos os outros?

Por via de opções e decisões políticas variadas (e não só) estamos num ponto sem retorno no que se refere ao nosso futuro: a demografia está em retracção significativa. Há cada vez menos crianças. As razões:

Um sistema fiscal alheio à família
Apoio social ao aborto maior que à natalidade
Políticas de trabalho erradas que distribuem cada vez pior o pouco trabalho disponível.
Promoção da emigração jovem (que poderia contribuir para a natalidade dos próximos anos).
Aversão a mudanças no sistema socioeconómico-fiscal que são cada vez mais necessárias.
Frequência escolar já maximizada (é marginal a possibilidade de aumento de alunos por esta via).

Tudo isto fez e faz com que os números de alunos nas nossas escolas venham sofrendo reduções significativas ano após ano. Nos anos socialistas (apesar de algum trabalho na rede escolar) não se fizeram os ajustamentos necessários de adaptação da procura (alunos e turmas) à oferta (docentes). Pelo contrário, com dinheiro emprestado, o Estado manteve uma situação cada vez mais excedentária. Durante todos esses anos passou-se a ideia (falsa) que seriam sempre ou para sempre necessários os mesmos docentes mesmo face a uma evidência tão significativa como a quebra demográfica. Não há docentes a mais, há é ofertas educativas a menos, dizia-se.

Agora, sem dinheiro (emprestado) o Estado tem que tomar as medidas difíceis, tendo que ajustar à bruta, o que deveria ter sido ajustado antes, gradualmente.

É o costume. Depois de cada cigarra tem que vir sempre uma formiga.

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