abril 18, 2013

Responsáveis e ineficientes

Há dez/quinze anos, o Mundo mudou. Com a consolidação da globalização, a produção deslocou-se definitivamente para onde se sentia melhor. Onde encontrou matérias primas, mão de obra, facilitação legal (justiça rápida) e acesso fácil aos consumidores.

A produção tem vindo a transitar gradual e inexoravelmente, dos países desenvolvidos para os países emergentes. Principalmente para a Ásia, com preponderância da China.

É por esta razão simples que não nos venham falar de crescimento económico nos países desenvolvidos porque isso não é mais do que “banha da cobra”. Mas não é apenas devido aquela razão.

Desde o início do século que os países desenvolvidos começaram a aceder a bens e serviços muito baratos vindos da Ásia. O consumo subiu, a ilusão cresceu. Sem produção primária e cada vez com menos indústria, o imobiliário passou a ser rei. O dinheiro estava barato, todos pediram emprestado.

Os Governo democraticamente eleitos, continuaram a fazer o que sabem melhor: gastar  muito e cada vez mais, para corresponderem aos desejos dos seus eleitores (passados e futuros).

Com menos trabalho (a queda da produção interna continuava) gastaram cada vez mais em apoios sociais. E compensavam a queda do emprego a partir de despesa pública crescente. Com a economia a se retrair, tinham menos receitas fiscais. Assim, a manutenção do status quo originou défice e mais dívida.

Em Portugal, passamos alguns anos a gastar mais 20% do que dispunham (10% do PIB = 20% despesa pública). Através de políticas erradas que nos trouxeram aqui.

Hoje, temos políticas erradas que não nos conseguem tirar daqui.

Uns foram responsáveis pela situação, outros foram ineficientes em tirarem-nos dela.

Não precisamos novamente dos primeiros. E queremos os segundos fora. Porque as novas políticas de que necessitamos como de pão para a boca (algumas são de inversão total do que foi tentado pelos troikanos) exigem novas pessoas.

Mas não será a esquerda que terá condições para inverter isto. Pois, por exemplo, será necessário pagar a dívida e manter a austeridade (ou, diria melhor, atingir a sobriedade nos gastos). Será determinante manter a austeridade boa e eliminar a má (este governos e as políticas internacionais implementaram soluções que acabaram com a economia).

Precisamos de reconhecer e aceitar a situação. Só assim poderemos evoluir para soluções efectivas. Não vai haver qualquer crescimento. Pelo menos antes de cairmos bastante. Não estamos a passar por uma qualquer crise, de onde se recupera para a situação de origem. Estamos a ajustar em baixa, para um ponto situado bem abaixo daquele que alguma vez teremos pensado poder cair um dia.


E dividir o trabalho disponível (até que sejamos capazes de criar condições para que este aumente) assegurando que temos menos dependentes de subsídios, indignados nas ruas, menos jovens a emigrar (como vamos sobreviver num futuro próximo sem jovens?), fazendo crescer o número de contribuintes que pagam impostos e contribuições sociais.

Para aqui chegar temos que mudar. O perigo está justamente na mudança. Mudar para o António Zero Seguro e para os seus colegas que nos trouxeram até aqui? Esperemos bem que não. Pois a solução estará no outro lado. Mas para isso, Passos Coelho terá que "se sentir” e sair pelos seus próprios pés, abrindo caminho para um Governo de iniciativa presidencial. Pois não só não pode haver iniciativa presidencial sem a saída do 1º ministro (aí o Presidente teria que dissolver a AR e marcar eleições) como o PS sabe bem que lhe convém que seja o PSD a tomar todas as medidas complicadas do Memorando. Porque se for  para o governo, agora – e Seguro já assumiu isso – terá de ser o PS a implementa-las, com todo o peso e penalização eleitoral que isso significa. E isso não está na genética (da cigarra) socialista.

Quem não gosta nada disto são os barões do PSD. Pois será sobre o PSD que cairá toda a carga negativa das medidas impostas pelos nossos credores...

Sem comentários: