dezembro 15, 2011

Não pagamos?

Duas intervenções recentes:

O vice-líder da bancada parlamentar socialista coloca em cima da mesa a possibilidade de utilizar a "bomba atómica" da possibilidade de não pagamento da dívida soberana. Para colocar os bancos alemães (credores) na "ordem".

José Sócrates, directamente de Paris, refere que pagar a dívida é uma "ideia de crianças".

São ambas afirmações algo temerárias mas, nem por isso, descabidas.

Realmente, a dívida não será problema nenhum, desde que os défices sejam eliminados. Até porque, se hoje estamos a tratar de dívidas de uns (pequenos) a outros (maiores), amanhã estaremos a fazer o mesmo no que se refere à dívida de todos esses perante os Países Emergentes (os únicos que, neste momento, libertam recursos).

E, nessa altura, só haverá uma solução:
Eliminar (brutalmente em alguns casos) os défices de todo o tipo (estruturais, comerciais, alimentares, financeiros) e tomar conta da dívida. Tratando-a de a pagar, mas nos termos dos devedores (à taxa euribor e com amortização anual de 1%).

E será isto que terão de fazer todos os Países desenvolvidos. Em paralelo com um ajuste (em baixa) nos níveis de vida das suas populações. Nós já vamos vivendo esse processo. Mas dele não escaparão, nem os alemães, nem os americanos.

E porquê?

Porque todos esses, nos países desenvolvidos, já não produzem excedentes e riqueza. A partir do trabalho. Pois este está deslocalizado nos países emergentes onde há centenas de milhões de pessoas que estão a tomar conta, gradualmente, da sua quota parte da riqueza mundial. Em detrimento de outras que, por estarem muito acima, terão que cair. E quem mais alto está, de mais alto cairá...

Daí que este ajuste poderá ser mais difícil para os maiores e mais ricos. Não é um problema exclusivo da Grécia, de Portugal, da Itália e Espanha... É também da Alemanha e dos EUA...

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