setembro 30, 2011

Um triste recuo na decisão de redução da TSU

Um mau sinal.
Uma má leitura dos tempos.
Pois a descida da TSU será incontornável a médio prazo.

Mas, para já, parece que será adiada.
A verdade é que são evidentes as vantagens para a economia. Mas é também evidente a possível quebra no financiamento do Estado Social. 
Sendo aqui que a “porca troce o rabo”. Sempre a salvaguarda do Estado Social tal como está...

1)Precisamos de reduzir o nosso consumo. Para o adaptarmos à nossa produção e para podermos libertar recursos para pagar os “excessos” dos últimos anos.

2)Precisamos de reduzir as nossas despesas. Todas. Incluindo as sociais. Infelizmente estas despesas têm sido o “motor” do nosso défice. Se não assumimos a necessidade de uma mexida aqui, não o corrigimos nunca. O que nos conduzirá à falência.

3)Precisamos de produzir mais. O País, no seu todo e nãoos trabalhadores individualmente, com um horário acrescido ou menos dias de férias. Para podermos aligeirar a descida do nível de vida, no ajuste acima indicado. Mas não basta produzir. É preciso produzir o que se consegue vender.

4)As exportações têm subido. Felizmente. Mas a subida é relativa. A base comparável (os números de referência de anos anteriores) é miserável e os défices comerciais (e outros) mantêm-se demasiado grandes.

A redução da TSU ajudaria a tudo isto:

1)A compensação (subida do IVA) actuaria sobre o consumo. No sentido da necessária redução. Os produtos nacionais seriam menos sobrecarregados (em relação aos produtos importados) perante o consumidor final pois o aumento do IVA poderia ser (algo) compensado com a redução dos custos sociais com o trabalho. Mas não só: também os bens e serviços nacionais adquiridos pelas empresas ao longo da cadeia produtiva (nacional) serão mais baratos por via da baixa da TSU. Na cadeia de produção o IVA é irrelevante (é revertível).

2)Os gastos sociais do País terão que se reduzir também. Esta redução introduz uma folga na compensação (pelo IVA) necessária que pode ser menor que a quebra total de receita da Segurança Social provocada pela redução da TSU.

3)Os produtos nacionais poderão ser mais competitivos e ganhar quotas de mercado (que justificarão o aumento da procura, da produção, do emprego) caso se apresentem ao mercado sem incluírem, no seu preço (parte dos) os custos sociais (TSU).

4)As quotas de mercado mais relevantes, a ganhar, são as externas, mas as internas são também importantes, para os efeitos pretendidos, no défice e da dívida.  Pois mais um euro exportado vale tanto como menos um euro importado. E este (menos um) euro importado tanto pode ser concretizado através da contenção do consumo como pela respectiva substituição por um euro produzido internamente (aí, para além dos efeitos no défice e na dívida, potencializa-se o crescimento da economia e do emprego).

Travar isto resultará apenas no adiar de uma necessidade que acabará por chegar.
Na mesma. Mas mais tarde, quando tudo estiver pior…

Nesta matéria, parece que a lucidez só se manteve com António Borges e com Martim Avillez Figueiredo. A esmagadora maioria dos economistas, políticos e comentadores na comunicação social não quer ver a realidade: um enorme e crescente Estado Social a rebentar com uma Economia com, cada vez, mais dificuldade em alimentar o monstro.

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