maio 17, 2011

O benefício da dúvida e o prejuizo da certeza

Nos debates que se multiplicam nos canais televisivos, nomeadamente nos de notícias pela cabo, é recorrente vermos os moderadores a insistir na não discussão das "culpas" pelo estado actual do País procurando levar a discussão para o que vem a seguir...

Claro que essa posição não é nada inocente e traduz o frete que fazem ao poder instituído (PS e Sócrates):

1)Só não interessa discutir as culpas, aos culpados...
2)Principalmente quando os culpados insistem na figura que os levou (e ao País) ao ponto actual.
3)Mais ainda, quando a proposta dos mesmos é... fazer tudo igual, daqui para a frente.

Mais umas notas, nesta matéria:

As medidas do Memorando são praticamente ignoradas pelo PS, não só no seu programa, como nas intervenções públicas neste período pré-eleitoral. Não interessam nada...
Mas quando vêm à colação, são traduzidas como as medidas necessárias para a consolidação das contas públicas. Restará questionar a razão da necessidade de consolidar. A resposta é simples: porque alguém desconsolidou, desgovernando.

O futuro, com o PS, será igual ao passado. O que conduziu à necessidade de consolidar da forma que assistimos: concretizando cortes em tudo e levando o País ao que era há 10 anos. Bastaram 5 anos de socialismo desgovernado para fazer o País dar dois passos atrás, depois de dar um em frente. É exemplo o Estado Social tão defendido por Sócrates: as suas políticas conduziram a um corte de regalias sociais totalmente inusitado em dezenas de anos. Um recuo nas pensões, subsídios, orçamentos nas rubricas sociais de tal ordem que parece termos voltado ao século passado. Defender um Estado Social suicida, como faz Sócrates, é ser contra o Estado Social.

A máquina marqueteira socrática está a tentar virar a cabeça ao prego e fazer crer que há um prejuízo na dúvida (Passos Coelho) e um benefício na certeza (Sócrates). Não é assim.

Perante a certeza do prejuízo que é a governação Sócrates (está aí a prova, depois de 6 anos de governo, dos quais 2 em absoluto isolamento), valerá qualquer alternativa. Perante a dúvida, mesmo quando exista, há que dar o benefício.

Mais do mesmo é que nunca

A herança de Sócrates (Memorando FMI) leva-nos ao pântano pela 3ª vez (depois de Soares e Guterres). Mas garante-nos, no mínimo, o adiamento da rotura (estava marcada para Junho) e dá-nos uma possibilidade (através do financiamento) de levantarmos a cabeça. Mas só se mudarmos. Mas se mudarmos mesmo.

Mais do mesmo, é atoleiro pela certa. E nunca mais de lá saímos...

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