Tomou a sua decisão com base nos resultados eleitorais e no
que lhe foi apresentado pelos partidos nas audiências impostas pela
Constituição. Nomeou Passos Coelho. E disse o que tinha a dizer. Balizado na legitimidade
da “sua” maioria, que o elegeu.
Os partidos de esquerda nada tinham em carteira, para além
de referirem que estavam a negociar e que havia boas perspetivas com vista a um
governo de esquerda, do PS, apoiado pela frente comum na assembleia. Mas, em
concreto, nada (nada mesmo) que pudesse alterar a decisão presidencial
desviando-a da nomeação do vencedor das eleições.
Com se está a assistir, tudo é previsível: o PS ensandeceu,
o BE aproveita o comboio (está por cima) e o PCP ri-se a bom rir. Basta-lhe
dizer que prefere um Governo PS ao governo da coligação.
Finalmente, Cavaco fez o seu alerta. Como é devido à sua
posição, que não é igual à da “rainha de Inglaterra”. E, grosso modo disse que
a democracia é o sistema que aceita todos, mesmo os não democratas. Mas que há
que zelar por ela pois, se os não democratas passam a ter preponderância (e é o
PS que lhes dá esse poder, que fique claro), arriscamo-nos a evoluir para um
sistema (que é defendido por essa minoria – 20% dos votantes) onde passam (ver
Venezuela, Angola) onde não cabem todos, mesmo.
Uma nota: se quisermos dividir o espectro partidário
português, é muito claro que os partidos de direita são quase inexistentes. Que
teremos os partidos da coligação no centro (agora está na moda dizer que são de
direita). E o PS que será de uma esquerda moderada muito próxima do PSD. À
esquerda, radical e outros, 20% de votantes no BE e CDU. O facto novo é simples
de descrever: a estratégia de Costa na campanha foi de discurso á esquerda.
Para captar os votos úteis da esquerda. Ora esses votos, fugiram-lhe para os
seus agora companheiros frentistas. Mas, depois das eleições, fugiu em frente.
E continua a agir nessa área, usurpando os votos do PS que não se revêm nesse
discurso extremo-frentista de esquerda…
Mas, e agora?
A frente comum vai deitar o Governo abaixo.
Nas audiências que se seguirão, Cavaco deverá exigir um
acordo de Governo explícito e público. Uma espécie de compromisso com o País. E
deve exigir a participação dos três partidos que suportarão esse governo no
mesmo. Comprometendo todos. E, ao contrário do que diz essa e muita esquerda,
valorizando a mesma. Devem estar todos “dentro” e só isso assegurará a tão
apregoada “estabilidade”.
Depois, veremos.
Se não, governo de gestão.
Fica nas mãos dos 3 partidos da frente comum a decisão. Ou
todos alinham e o governo de esquerda avança ou então o governo que venha a ser
nomeado com o PS será tão estável como o da coligação. Pelo que, nesse caso, ficaria
o governo da coligação (como vencedora das eleições) em gestão até ao próximo
presidente decidir por novas eleições.
A frente comum quer ser governo? Tudo bem. Justifique isso,
produzindo um acordo governamental (referindo a participação concreta dos 3
partidos no Governo), que seja claro e publico para validação presidencial. E que
contenha os elementos necessários para uma estabilidade que abranja, no mínimo
2 orçamentos.
Afinal, os votantes (principalmente os do PS) deverão ter
bem claro o (novo) programa da frente comum (os compromissos que se assumem) bem
distinto da soma dos programas eleitorais dos partidos em questão. Pois isso seria
uma salganhada.
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