maio 23, 2014

O canto ensurdecedor das cigarras - Europeias 2014

Estamos a terminar a campanha eleitoral para as Europeias. E é ensurdecedor o canto das cigarras.

Depois de terem colocado o País na bancarrota e, antes de serem postos a andar, de assinarem um acordo de sobrevivência com três entidades financeiras que nos asseguraram o dinheiro necessário (a troco de medidas duríssimas de ajuste aplicados por outros), voltam agora, pujantes, cantando a plenos pulmões contra a austeridade e a favor do crescimento.

Vaja-se a lata: anotam que a dívida cresceu. Ora, pois cresceu. O que acontece sempre que há défice. Ou não sabem disso? Mas o défice de 10% de Sócrates (aí sim, a dívida crescia abruptamente) foi contido para 4% este ano (prevê-se).

Mas mais contraditório é o facto de serem contra a austeridade que permitiu esse ajuste. Para eles, era sempre mais Estado, mais despesa… Logo (mas não reconhecem) mais défice e mais dívida. A demagogia (o seu canto de cigarra) dá votos.

Mas, e aqui todos enganam, a coisa não acabou. E não pode acabar enquanto não eliminarmos o défice. Aí sim, a dívida já não valerá de muito. Pois bastará geri-la, pagando os juros. E quem disse (e bem) isto? Sócrates, na sua estada em Paris…

Os esforços que ainda faltam estão já encaminhados. Para atingir 2,5% de défice em 2015 e, depois, o zero nos dois anos seguintes. E isto são esforços e dificuldades que se acumulam às anteriores. Não são dificuldades estendidas no tempo, mas novas contenções que se somam às já aplicadas.

A nossa esperança é que a economia, vendo-se no bom caminho, possa arrebitar e permitir que este fim de programa possa ser atenuado.

Só que, as cigarras estão a cantar bem alto. Se o povo não entende que precisamos de mais algum tempo de formiga, pelo menos até acertarmos isto, estamos bem tramados. É que volta tudo ao mesmo e dentro de 3 ou 4 anos, estamos com troikas de volta…

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