Estamos a terminar a campanha
eleitoral para as Europeias. E é ensurdecedor o canto das cigarras.
Depois de terem colocado o País
na bancarrota e, antes de serem postos a andar, de assinarem um acordo de sobrevivência com três entidades
financeiras que nos asseguraram o dinheiro necessário (a troco de medidas
duríssimas de ajuste aplicados por outros), voltam agora, pujantes, cantando a plenos pulmões contra
a austeridade e a favor do crescimento.
Vaja-se a lata: anotam que a
dívida cresceu. Ora, pois cresceu. O que acontece sempre que há défice. Ou não sabem
disso? Mas o défice de 10% de Sócrates (aí sim, a dívida crescia abruptamente)
foi contido para 4% este ano (prevê-se).
Mas mais contraditório é o facto
de serem contra a austeridade que permitiu esse ajuste. Para eles, era sempre
mais Estado, mais despesa… Logo (mas não reconhecem) mais défice e mais dívida. A demagogia (o seu canto de cigarra) dá votos.
Mas, e aqui todos enganam, a
coisa não acabou. E não pode acabar enquanto não eliminarmos o défice. Aí sim, a
dívida já não valerá de muito. Pois bastará geri-la, pagando os juros. E quem disse
(e bem) isto? Sócrates, na sua estada em Paris…
Os esforços que ainda faltam
estão já encaminhados. Para atingir 2,5% de défice em 2015 e, depois, o zero
nos dois anos seguintes. E isto são esforços e dificuldades que se acumulam às
anteriores. Não são dificuldades estendidas no tempo, mas novas contenções que se somam às já aplicadas.
A nossa esperança é que a
economia, vendo-se no bom caminho, possa arrebitar e permitir que este fim de
programa possa ser atenuado.
Só que, as cigarras estão a cantar bem alto. Se o povo
não entende que precisamos de mais algum tempo de formiga, pelo menos até acertarmos isto,
estamos bem tramados. É que volta tudo ao mesmo e dentro de 3 ou 4 anos,
estamos com troikas de volta…
Sem comentários:
Enviar um comentário