A questão sobre a viabilidade da dívida é muito
relativa...
Antes de passarmos ao assunto em questão é necessário
clarificar que a dívida (que tanto nos pesa) foi criada (duplicada) por Sócrates
e pelo PS. Uma dívida a metade dos valores actuais custaria metade em juros.
Menos 4 mil milhões (a austeridade acrescida que agora nos exigem).
E que o memorando que nos impuseram e que nos permitiu receber
os financiamentos para evitar a rotura e a falência foi negociado e assinado
por Sócrates e pelo PS. Estes (o Governo actual) herdaram-no.
Mais: a ideia que Passos e Portas foram mais longe que o memorando - e que não o tinham que fazer - é
falsa. O memorando regista, no essencial, objectivos. E propõe medidas. Ora,
percebeu-se logo que os objectivos eram impossíveis e as medidas, “curtas”
para os atingir.
Como os objectivos eram o que realmente interessava, foi
preciso ir mais longe nas medidas. Ora, o PS também falhou aí ao achar que
bastava correr 30 metros (o que colocou no memorando) para vencer uma distância
de 100. Infelizmente, este governo lançou-se numa corrida de 60, indo mais
longe que o memorando, mas nem assim conseguindo chegar aos 100...
E assim, chegamos à “camisa de forças” em que viemos hoje.
Voltamos ao assunto a que nos abalançamos: a dívida é
sustentável?
A nossa dívida e os nossos títulos de dívida são lixo. São
as empresas de ratings que o dizem. Ora, sendo assim, e chegando a um beco sem
saída, é lícito podermos considerar que os nossos credores devem assumir essa
situação e perder alguma coisa. Sem prejuizo de, para mantermos a nossa
viabilidade no exterior, podermos lhes impor "perdas razoáveis"... Até, diria eu,
aceitáveis, face a uma bancarrota, a cedência do País à esquerda, um haircut (Grécia) ou outras medidas de extorção fiscal (Chipre).
Ao beco sem saída já chegamos. O Governo não conseguiu
chegar a bom porto no referente aos objectivos do memorando e não temos acesso
aos mercados financeiros. Os défices orçamentais mantém-se altos e é chegado o
momento em que o Governo está perto de ficar numa posição politicamente insustentável e de dar lugar (pois
estamos numa democracia) a uma alternativa que é bem pior. Para todos. Porque à
esquerda não há alternativa credível ao estado de coisas actual. O PS ou faz o
mesmo (é o mais provavel) ou fará pior. Ou fará as duas coisas. E à sua esquerda,
onde poderá que ter de arranjar bengala, estamos lixados.
É chegado o momento de ajuizar e decidir.
1)Um País estará mal se, retiradas as despesas com a dívida
(juros e refinanciamento) se mantém em défice. Aí, é lixo e incumprimento. Não
se aguenta...
2)Um País estaria menos mal se, alargando os prazos de
amortização da dívida para o longo prazo e colocando os juros a taxas “alemãs”,
já não se encontraria em défice. Assim, o lixo torna-se menos lixo pois poderiamos "incumprir" sem haircut, ajustando (mesmo que unilateralmente – a dívida é lixo, não se
esqueçam) prazos e juros.
Um País estará bem, se o seu Governo conseguir impor políticas
de austeridade que garantam este último cenário (excedente orçamental pagando a
dívida a longo prazo e respeitando juros a taxas “alemãs”), evitando outras
medidas de austeridade bem mais gravosas, que criam desemprego e colocam indignados nas
ruas e que vão levar o País – de bandeja - para as mãos da esquerda onde até o
lixo (as dívidas) que os credores têm nas suas mãos se acabarão por esfumar...
Um País não poderá estar bem se o mantêm a pagar dívidas
(que valem lixo) através de novos empréstimos a juros extorcionários de 7% e 8%.
Um País não pode ficar bem com 16% e mais de desempregados.
Um País não poderá ficar bem se a sua juventude formada com recursos financeiros (que também “formam” a nossa dívida) sai pela
porta fora, emigrando em massa.
Um País ficará mal se, sem essa juventude (seriam eles que teriam os filhos necessários), não conseguir renovar a sua população que suportaria a sua economia e o sistema social no futuro.
Não tem sentido este estado de coisas.
Esta solução (ver post anterior) vai ter que ser
implementada. E é para não cairmos no caos. Talvez quando um dos grandes paises
da Europa chegar a este ponto a que Portugal já chegou...
Sem comentários:
Enviar um comentário