A unidade de trabalho nos países
desenvolvidos tem-se mantido estável (7-8 horas diárias) nas últimas dezenas de
anos.
Tem sido a opção preferencial dos decisores políticos manterem essa dimensão temporal, reflectindo os ganhos de produtividade nos
rendimentos dos trabalhadores eleitores (e noutros factores económico-financeiros, como os lucros, reconheçamos) concedendo-lhe melhores níveis de vida.
Uma opção que, de certa forma, contraria os objectivos e intenções sempre manifestados ao longo da evolução da sociedade humana, com vista a se obter mais rendimento, trabalhando menos. Nesse processo, apareceu a roda, a máquina, o computador.
Uma opção que, de certa forma, contraria os objectivos e intenções sempre manifestados ao longo da evolução da sociedade humana, com vista a se obter mais rendimento, trabalhando menos. Nesse processo, apareceu a roda, a máquina, o computador.
Desde há cerca de 15 anos, muita
coisa mudou. Essencialmente, por via da globalização, a competitividade cresceu com a abertura das fronteiras (deslocalizando muito trabalho), as políticas monetárias desvalorizaram-se (o dólar perdeu
o seu monopólio e o euro eliminou as moedas nacionais dos seus países constituintes),
as fontes de energia barata acabaram e a disponibilidade de matérias primas naturais, básicas
e essenciais começa a ser colocada em questão (os recursos do planeta não são inesgotáveis).
Em resultado disto tudo, nos países desenvolvidos, claramente, não há trabalho para todos.
E bem pior que isso, não há trabalho
para muitos. E reforçando o estado negativo das coisas, são os jovens os mais penalizados.
É uma terrível situação, muito real, e uma tremenda ilusão achar que
se vai continuar a crescer...
A verdade é que não vamos crescer mais. Pelo menos, antes de cairmos muito (mais).
Crescemos nos últimos 30 anos à
custa de energia barata, de aumentos de produtividade, por conta de políticas monetaristas (que se pagam mais tarde) e de algum isolamento comercial (pré-globalização). Ora, estes elementos, já foram...
Sem políticas monetárias,
injectar dinheiro na economia - para crescer - deixa de ser eficaz. Pois esse investimento passou a ser concretizado com dinheiro bem real (riqueza) e não apenas através de notas recém-impressas. Qualquer dólar impresso para pagar importações da china acaba novamente nos EUA, através da compra de bens e empresas ou em aplicações de dívida pública. Já não são dólares que se imprimem e se dispersam pelo Mundo. São dólares que voltam, na sua plenitude...
Mai. Injectar dinheiro nas actuais condições económico-financeiras é como tentar encher de água um balde com furos. A possível reactivação económica é muitas vezes menor (1 ou 2% do PIB) do que a injecção financeira necessária (5, 8, 10% do PIB). Isto porque o dinheiro lançado à economia acaba por sair “por muitos furos” por razões evidentes: para o colchão (devido à insegurança crescente das aplicações bancárias), para a segurança (em bancos noutros países, como refugio), para a rentabilidade (aplicações em investimentos em países emergentes).
Mai. Injectar dinheiro nas actuais condições económico-financeiras é como tentar encher de água um balde com furos. A possível reactivação económica é muitas vezes menor (1 ou 2% do PIB) do que a injecção financeira necessária (5, 8, 10% do PIB). Isto porque o dinheiro lançado à economia acaba por sair “por muitos furos” por razões evidentes: para o colchão (devido à insegurança crescente das aplicações bancárias), para a segurança (em bancos noutros países, como refugio), para a rentabilidade (aplicações em investimentos em países emergentes).
Daquela forma, defendida pelos crescimentistas, gastando 8 ou 10 para conseguir 1 ou 2 estamos perante um negócio ruinoso de consequências lamentáveis para quem vem depois (e que tem de pagar a conta).
Temos, em Portugal, 20% de
desemprego. Números que não traduzem uma realidade ainda mais dura que se revela
no desemprego jovem. E que, por sua vez não consideram os números (assustadores)
daqueles que já saíram do País.
Como consequência, temos o futuro
a sair porta fora. Literalmente.
Quem contribuirá dentro de poucos anos para o financiamento do sistema social? Quem constituirá família e terá filhos em Portugal nos próximos anos?
Faça-se uma extrapolação de 10 ou
15 anos (considerando estas saídas) no cálculo do factor de ajustamento da idade de
reforma. Com que idade se reformarão os trabalhadores (se o forem, ainda) nessa altura, com a pensão completa? 75 anos? 85 anos?
É por tudo isto que urge alterar a dimensão da unidade de trabalho
actual.
Passando de 7-8 horas diárias,
para as 6-7 horas. Com o ajuste proporcional do rendimento correspondente. Ler aqui.
É uma medida de partilha do
trabalho disponível no sentido da salvaguarda do futuro da sociedade. Se
prevalecer o egoísmo dos empregados face aos desempregados é o fim da sociedade
tal como a conhecemos. Tudo se desmoronará. Democracia, Estado Social,
Segurança...
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