dezembro 14, 2012

Produção versus produtividade


É um erro comum confundir uma com outra.
Pior é quando são reputados economistas e responsáveis a fazer a confusão.

E se for de má-fé…, pior ainda.

Caso 1

Quando temos 10 WCs (nem mais um) e um funcionário que os limpa em 8 horas, não haverá qualquer ganho de produção se aumentarmos em meia hora a sua jornada de trabalho. Mas, teremos uma queda na produtividade pessoal, pois não o podemos despedir sem que o trabalho fique por fazer nem temos mais WCs para que ele os limpe. E os custos com ordenados mantêm-se.

Haveria um ganho evidente se, em vez de aumentarmos a jornada de trabalho, fizermos … o contrário. Podemos reduzir essa jornada, com o correspondente corte remuneratório. O funcionário poderá – aí sim – aumentar a sua produtividade e continuar a dar conta da limpeza dos 10 WCs existentes. E isso custará menos ao contratante. Há um corte remuneratório mas, aqui, compensado com mais tempo livre…

Caso 2

Se temos uma função pública com muitos funcionários e serviços que custam para além da receita possível e disponível, haverá que ajusta-la. Ou refunda-la. Mas como? Aumentando a carga horária?

Se se fizer isso, a produtividade cai pois não há mais a fazer. Principalmente porque se decide, no ajustamento ou refundação ... fazer menos. Aí, haverá despedimentos. E também aí, teremos que pagar mais subsídios, teremos mais manifestações de indignados e votos nos partidos demagógicos de esquerda.

Então, o correto a fazer será, novamente, cortar tempo de trabalho e remuneração. Se há emprego a mais para o trabalho disponível, essa função ajustará o processo. Reduzem-se custos, aumenta-se a produtividade e a produção é a mesma.

Nos casos em que esse processo de redução horário cause efectivos cortes na prestação de serviço público (por exemplo, no trabalho de enfermagem num hospital), abre-se uma janela a … nova contratação, sem acréscimo de custos. Poderão ser 4 turnos de 6 horas em vez de 3 turnos de 8. Aí, teríamos renovação no funcionalismo público, menos jovens a emigrar, a protestar, na droga e no crime…

Caso 3

Um restaurante com 10 funcionários viu cair a sua facturação em 20%. Como ajustar? Despedindo? Se sim, são mais encargos para a segurança social e mais problemas, como os já anotados nos casos anteriores.

Então, se todos os funcionários trabalharem menos 20%, ganhando menos 20%, salvaguardam-se todos do desemprego e os custos fixos ajustam-se à nova procura. À espera de melhores dias, onde o processo pode ser revertido ou, em alternativa, se poderá refrescar o grupo com mais - e jovem - contratação.

Caso 4

Um exportador tem vindo a aumentar a sua produção. Ainda não atingiu o pleno produtivo e tem mercado disponível. Precisa de mais mão-de-obra. Aumentar a jornada de trabalho resolveria a situação. Mas tudo seria feito contra os trabalhadores e num processo de desvalorização da qualidade de vida pessoal dos mesmos.

Assim, porque não contratar? Perante a necessidade de mais mão-de-obra ou em resultado da redução da jornada dos trabalhadores atuais? Como referido atrás e não é de menos relembrar, teremos menos desempregados a receber subsídios e passaríamos a ter mais contribuintes. Menos indignados nas ruas a fazer as delícias da esquerda demagógica e mais jovens no mercado de trabalho. Que se libertam da emigração e potenciam o país para um futuro que não se faz sem jovens, sem novas famílias e sem crianças…

Nota: neste processo, a redistribuição do trabalho disponível deve ser feita sobre uma razoável legislação no respeitante à contratação. Sem prejuízo das protecções sociais, este novo emprego terá se ser sempre reversível. E tudo isto na defesa da contratação. Pois ninguém contratará mais se isso estiver acompanhado com uma responsabilização "pesada" para o futuro.

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