Hoje, há outras variáveis.
1)Hoje, os países emergentes têm todas as condições para
produzirem. Nomeadamente a principal: disponibilidade de capital. Ao capital juntam a mão de obra barata. Pelo que, ao
longo dos últimos anos (já alguns) foram atraindo o investimento e o trabalho.
A produção e a riqueza. E foram emprestando.
2)Hoje, os países desenvolvidos perderam a produção. Com ela o
trabalho e a riqueza. Não se ajustaram à situação (a democracia e o sistema eleitoral não ajudaram) e passaram a viver em défice.
E, para manter os níveis de vida, prometidos aos eleitores, foram pedindo emprestado, acumulando dívidas.
3)Hoje, qualquer injeção financeira na economia só levaria ao crescimento do
modelo gerador de défice (do monstro). Mais despesas, mesmo que mais receitas. Maior défice,
mais dívida. Se uma sociedade tem 50 e gasta 60, o mais provável se lhe derem
55 é que gaste 66…
4)Mais dinheiro na economia não traria a fábrica dos Iphones de regresso aos EUA. Quanto muito, levaria ainda mais americanos a comprar mais Iphones… aos
asiáticos.
A Alemanha sabe que não pode injetar dinheiro na Economia. Esse
dinheiro arrisca-se a ir para a China, a troco de IPads e LEDs ali fabricados e
a voltar nas mãos dos investidores asiáticos, nas suas compras de empresas na Europa (e, não demora nada, na Alemanha).
Ou para sustentar dívidas soberanas. Que, nos últimos anos, passaram a ser um “tapete” cada vez
maior sobre o qual nos movemos. Só que... a simples ameaça de ser retirado coloca-nos, a todos, em sentido, nas
mãos desses credores.
O caminho que se segue é de ajuste económico e de nível de vida (em baixa),
empobrecimento e recessão. Situação que, sendo dececionante face às
expectativas que os nossos líderes e políticos sempre nos apontaram, tem de passar
a ser enfrentada e gerida, não sendo solução entrar em lamurias e pieguices.
Neste caminho de austeridade, o modelo fiscal terá de ser invertido. Caso contrário, nada resultará. Ficaremos eternamente à espera de um
crescimento económico (que não virá) e as receitas fiscais serão cada vez
menores (ao ritmo da recessão provocada pela austeridade), inviabilizando
qualquer ajuste no défice público e complicando ainda mais a sustentação e o
pagamento da dívida.
Hoje, por hoje, haverá que assumir a situação: enfrentar a recessão como uma inevitabilidade a gerir o melhor possível. Congelar a
dívida, eliminar o défice estrutural e alterar o sistema fiscal eliminando
(sim, eliminando) os impostos sobre o rendimento e aumentando (até onde for
necessário) os impostos sobre o consumo.
Tudo o resto são engenharias financeiras, que só adiam (e
fazem crescer) os problemas. Remedeios velhos, de um passado que não voltará.
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