É mais que evidente que não teremos qualquer crescimento económico
nas próximas dezenas de anos (a menos que se descubra petróleo ou outra fonte
energética). E que tudo o que vamos ouvindo (sobre crescimento económico) é para nos enganar.
O Planeta não "estica" e o crescimento global que possa se verificar vai ser integralmente consumido e alocado às economias emergentes. Como estas economias vão crescer a taxas superiores aquele crescimento global, as economias desenvolvidas (ou dos blocos desenvolvidos) contribuirão negativamente para o crescimento. Entrarão num processo de recessão constante.
Não acontecendo esse crescimento económico, o desemprego (já em vai nos 20% em Portugal) vai manter-se ou - pior - vai crescer. Mas, mais grave ainda, poderemos ver sair do País toda uma
geração (de jovens bem formados, à custa de recursos públicos) que seria (e assim deixa de ser) a nossa garantia de futuro.
Temos que fazer alguma coisa e é já.
A troika (a ditadura dos credores) não nos serve.
A esquerda, cujas políticas nos trouxeram a isto, das soluções ilusórias com o dinheiro dos outros,
também não.
Então, vejamos. Precisamos de:
1)Reempregar uma maioria significativa dos desempregados e
criar saídas aos jovens (rentabilizando a sua formação que foi um custo público
que pagamos e arriscamos a não usufruir dele). Como? Dividindo melhor o (pouco) trabalho existente. É que não vai haver - mesmo - mais trabalho. E como fazemos isso? Reduzindo
o tempo de trabalho de cada emprego e a respectiva remuneração,
proporcionalmente, até 20%. Protegendo os empregos com remunerações mais baixas
e aplicando a solução aos funcionários públicos. Esta solução reduz o
desemprego, os subsidiados e os indignados nas ruas. Minora a saída de jovens
do país e permite o ajustamento das empresas e do Estado às (menores)
necessidades de pessoal face à desaceleração económica e à redução da procura.
2)Agradecer à troika, mas prescindir educadamente, das suas
soluções. E reformular, sem haircut, toda a nossa dívida pública (interna e externa). Criando um programa de 5 anos em que todos os défices serão anulados
(sim, o Estado vai ter que cobrar mais pelo que faz ou passar a fazer menos). Durante
esse período todos os vencimentos de tranches de dívida e pagamento de juros correspondentes
serão transformados em nova dívida (títulos de dívida pública) de longo prazo e
juros não extorcionários. Poderá haver programas de recompra e os juros destes títulos devem ser pagos religiosamente. Na defesa dos credores, estes programas de recompra poderão ser "ajudados" pela troika nestes primeiros 5 anos. Aqui, claro, com algum haircut decrescente. A partir dos 5 anos, sem haircut, já com os défices anulados.
3)Transformar 10 a 15% dos depósitos bancários em títulos de
dívida pública que financiarão os défices públicos (em redução obrigatória, se possível balizados constitucionalmente) no período de 5 anos atrás
indicado.
4)Devolver os rendimentos retirados à população e reajustar os impostos
aos valores prévios a este ajustamento. Incluindo o IVA na restauração.
5)Introduzir liquidez no sistema através de títulos de
dívida pública de uso corrente (utilizável através de um cartão de débito).
Estes títulos seriam utilizados nos pagamentos de subsídios públicos aos funcionários e à população em
geral (férias, 14º mês, desemprego, abonos, inserção mas também no pagamento
de despesas públicas ás empresas que, por sua vez, regularizavam os seus
impostos e contribuições por esta via. Podiam também, regularizar créditos
entre elas, fazendo transacções. Este títulos apenas existiriam virtualmente, nos
servidores do Tesouro, constituindo uma conta por contribuinte, sendo movimentada no comércio normal através do cartão de contribuinte como qualquer cartão de débito. E não poderiam
ser utilizados para outros efeitos que não os definidos. A economia ganharia a
liquidez necessária, o Estado pagaria rapidamente o que deve e as empresas
regularizariam os seus impostos e contribuições atrasadas. Toda essa liquidez ficaria impossibilitada de
ir para o colchão, para fora do país ou para a economia paralela e asseguraríamos as vantagens da
injecção de moeda, sem a realizar (até porque estamos impossibilitados de o
fazer).
6)Iniciar um processo de alteração fiscal que eliminará o
financiamento da Segurança Social a partir do trabalho (eliminando a TSU),
passando-o para o consumo (IVA). Ao mesmo tempo, gradualmente, o IRC e o IRS
seriam anulados, passando as suas receitas a serem asseguradas também pelo IVA (que poderia subir para os 40%). Este
choque fiscal traria competitividade acrescida aos produtos portugueses lá fora
mas também asseguraria o mesmo no mercado interno, no confronto com as
importações.
Penso que, com estas medidas teríamos condições para iniciar
uma nova era. Com novas perspectivas Sem se perder a noção de que a austeridade
é essencial pois não voltaremos nunca mais à idílica e ilusória era socialista
que nos conduziu à situação actual. Não vamos empobrecer porque nunca fomos
ricos. A verdade é que vivíamos com o dinheiro de outros que, agora, o querem
de volta. Simplesmente, para sairmos de todo este imbróglio, não precisamos de uma austeridade destrutiva, mas de uma austeridade virtuosa.
1 comentário:
Parece-me um bom começo...
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