novembro 08, 2012

Peluche de Oleiros segue para a Tunísia

Nada de inesperado. Já aconteceu e vai continuar a acontecer.
O trabalho deslocaliza-se para onde o enquadramento é mais atractivo  Enquadramento a todos os níveis: custos, matéria prima, impostos, sistema judicial, etc.

Até entendemos o presidente da Câmara de Oleiros. Quer defender a todo o custo a manutenção daquele centena de postos de trabalho, tão caros aos seus munícipes, criado por um investimento alemão no nosso país.

Queixa-se que Merkel diz querer ajudar os países europeus do Sul mas que tem de demonstrar essa vontade neste(s) caso(s). E que, indo para a Tunísia a empresa alemã só pensa no dinheiro e no lucro. E já vai avisando que vai reter as máquinas, não as deixando seguir para o Norte de África...

Mas, infelizmente, sendo capital estrangeiro, tanto lhes faz ajudar uma centena de portugueses como uma centena de tunisinos. E, se na Tunísia poderão ganhar mais (sim, ganhar mais porque, por lá, trabalham por menos e os impostos e contribuições sociais são mais em conta) ou poderão produzir mais barato, evitando que outra fábrica, com outros ursos de peluche (produzidos na China, por exemplo) lhes mitigue a sua quota global de vendas, só podemos valorizar a decisão que é de boa gestão

Claro que, isto é tudo correto quando se avalia de fora, friamente.
Se os capitais fossem nacionais a análise poderia ser outra. 
Mas também podia ser a mesma...
Pois a insistência na manutenção da produção em Portugal, nas condições presentes, poderia conduzir a: fábrica nenhuma em Portugal e fábrica nenhuma na Tunísia . E, aí, restaria mais mercado de ursinhos de peluche para uma qualquer fabrica na China ou na Índia.

O que nos resta?
Temos que produzir mais barato, ganhar menos, reter menos impostos e retirar as contribuições sociais do preço dos produtos de exportação. Precisamos de atrair capitais externos. E isso faz-se com essas medidas. Mas também com um sistema judicial que funcione e com um enquadramento legal que deixe sair os investidores com a maior facilidade do mundo. 

Pois, se a saída for difícil mais nenhum quererá entrar...

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