Ninguém gosta quando nos vão ao
bolso.
Mas é isso que acontece (demasiado)
nos dias de hoje.
Passos Coelho vai continuar. Já
disse que não pensa nas eleições, mas deve pensar num qualquer lugar “comunitário”
daqueles reservados aos dirigentes “bem comportados” (face aos critérios
europeístas) mesmo que contra os interesses de curto-prazo dos eleitores nacionais.
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Temos, de um lado os austeristas, "formigas", que com medidas fiscais, eliminam totalmente a possibilidade da economia poder “levantar
a cabeça”. Entendem (bem) que temos de ajustar em baixa, depois de muitos anos a viver (bastante bem - e não
sabíamos) acima das possibilidades e suportados por empréstimos. Mas acham
(mal) que vamos resolver os défices aumentando sucessivamente (até onde?) os
impostos. Infelizmente a economia atrofia-se, reduzem-se as despesas mas também…
as receitas.
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O certo é que, mantendo-se os défices,
a dívida eterniza-se, aumenta e nunca será paga. A troika logo entenderá isto e atalhará caminho. Neste ponto, vantagem
de Portugal, face à Grécia: vamos aproveitar e usufruir do exemplo (falhado)
para corrigir.
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Por outro lado temos os monetaristas. As "cigarras". Os que defendem o crescimento. Mas não o crescimento económico (isso queriam
eles). Defendem mais moeda e mais intervenção pública. Mais consumo. E, cereja
em cima do bolo, acham que o que se fez antes, nessa matéria e que nos conduziu
à situação atual, falhou, porque se fez numa dimensão insuficiente.
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Qual o nosso problema? É que são
estas as duas únicas correntes concorrentes. Qualquer delas insuficientes para
qualquer reversão dos problemas que temos.
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Li, estas férias, Krugman. E
percebi que António Seguro também leu.
Não ganhei o prémio Nobel da Economia.
Nem sequer tenho formação na área. Mas sei ler e percebi que as receitas de
Krugman para acabar com esta crise (já) são receitas incompletas. Não dizem
tudo e não vão até ao fim. São curtas.
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E o que até poderia servir para
os EUA (a verdade é que nem aí servirá) nunca se ajustaria à Europa, a tal da
moeda única a várias velocidades.
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Vou passar por cima do realismo
(ainda bem que temos Medina Carreira a fazer de grilo falante) de que
precisamos de ajustar, equilibrar e produzir. De agricultura, indústria e bens
transacionáveis (vendáveis no exterior). De trabalho e não de empregos
sub-produtivos.
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Não precisamos de acreditar que medidas
monetaristas vão resolver os problemas. Porque não vão. Apesar de termos
chegado a um ponto que precisamos delas para ganhar tempo para agir. E para que
a ação produza os seus frutos.
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Krugman conseguiu escrever um
livro sem falar de economia. Sem falar da China, sem falar da globalização.
Apenas receitas passadas, exemplos e efeitos passados em economias passadas.
Para Krugman tudo se resolve com mais (muito mais) investimento público.
Baseado em mais dívida. Dinheiro que pode ser impresso pelos Bancos Centrais ou
obtido a partir das poupanças crescentes neste período de retração económica.
Curiosa é a conclusão que isso não origina inflação e que a dívida criada nem
precisará de ser paga. Que o aumento do consumo criará empregos e aquecerá a
economia ao ponto de fazer crescer o PIB. Sendo que este crescimento “suportará”
o aumento da dívida e a desnecessidade do seu pagamento. Também se vê, por
aqui, que o curso de filosofia em Paris terá uma cadeira de economia
krugmaniana.
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Nesta lógica, haverá lugar à
pergunta se o consumo extra, ganho por esta via irá mesmo criar emprego ou
simplesmente sairá porta fora de imediato na compra de gadgets à China. Se esse
investimento público inverterá a deslocalização da industria dos países
desenvolvidos para os emergentes. Se os IPADs, IPHONES e as TVs passarão a ser
construídos nos EUA…
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Quanto à inflação, está contida,
diz Krugman. Porquê? Talvez, exatamente pela mesma razão que impede os efeitos
previstos sobre a economia. O dinheiro sai “porta fora” de imediato, através do
consumo de bens importados (depois volta, mas isso é outra estória). Nem tem
tempo para “aquecer” a economia.
Ou, também, pelo facto da
poupança ter, hoje em dia, remunerações nulas, sendo mais vantajoso ter o
dinheiro parado, no colchão (literalmente falando). Neste caso, a injeção de
mais e mais dinheiro no sistema não terá efeitos inflacionistas… por agora. Mas
será uma bomba nuclear relógio, assim que o “ambiente” económico mude e
todo esse dinheiro saia, de rompante, dos colchões.
Pior fica Seguro ao defender estas
medidas. Porque já não temos moeda própria e todo o dinheiro injetado (pelo
BCE) ou poupado acaba, no colchão ou nos bancos alemães (com juros negativos). Nunca
na economia apanhada pela “armadilha da liquidez”.
O que justifica o finca-pé dos alemães
contra outras soluções. Esta situação serve-lhes bem: acedem a todo o dinheiro
que precisam a 0,75% (BCE) ou a 0% (poupanças de outros países do Euro) e
emprestam-no, devidamente escudados na troika (que não são mais que eles
próprios – os credores fixados na dívida e no seu pagamento) a 5, 7, ou 10%. Dinheiro
que dizem ser dos “contribuintes alemães” (dá jeito) mas que não são mais do
que as poupanças dos países periféricos e de fundos – “ liquidez virtual” - do
BCE.
A verdade é que a situação atual
só interessa mesmo aos alemães. Mas não por muito tempo… Pois os excedentes de
uns são os défices dos outros. E acabando com os défices acabam-se os
excedentes. Mas pior ainda: acabando os défices e acrescendo-se o pagamento das
dívidas, até os excedentes (de quem os tem) transformam-se rapidamente, em
défices...
Mas, por agora, além de terem
ganhos substanciais de agiotagem naquele negócio bancário, têm liquidez de
sobra a custo zero para a sua economia e podem iniciar um processo (muito caro
para eles) de substituição da mão-de-obra que os tem sustentado nos últimos
anos (de origem muçulmana) – um erro que estão ansiosos por corrigir – por novos
trabalhadores vindos dos países do sul, com a cultura “certa”, formação já paga
e a braços com enormes taxas de desemprego, logo dispostos a fazer muito por
pouco…
Mas isto não funcionará por muito
tempo. Nem para os alemães. Para os países periféricos há soluções. E muito trabalho
pela frente. Infelizmente para Portugal, nem Passos nem Seguro apontam – para já
- para nada de saudável. Muito menos fazem os anacrónicos partidos de esquerda (PCP e BE)...
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