Daí que, enquanto há dívida é
importante (para quem emprestou) que se mantenha o défice. Para que isso
seja garantido, sobem os juros. Dessa forma, por muita austeridade que se
imponha, a redução da despesa nunca chegará ao nível que permita eliminar o défice.
Os juros não o permitirão e a austeridade não deixará que a economia descole.
Porque os financiadores da dívida, para a salvaguardarem, precisam do défice…
Daí que só há uma solução:
O corte umbilical. Puro e duro.
Um País nestas circunstâncias (a partir daí) terá
que se ajustar e viver exclusivamente dos seus recursos (internos). Toda a dependência
externa (de energia, por exemplo) deverá ser conseguida através de dinheiro à vista ou exportações (troca directa). O corte umbilical implica esta situação. Pois a porta para o crédito fecha-se. Totalmente...
Resolvido, de forma dura (serão
necessários ajustamentos internos) o problema do défice estrutural, o que fazer à dívida?
É simples: passa a ser gerida pelo
devedor.
E os investidores sujeitam-se, sem alternativa. O risco do empréstimo
feito consuma-se efectivamente. Mas, talvez, da melhor forma possível:
O incumprimento passa a ser uma realidade. Mas apenas no que
respeita às taxas e prazos contratados. A responsabilidade pelo valor devido
mantém-se, bem como a garantia da não desvalorização do capital emprestado. As
tranches da dívida, à medida que se vão vencendo, serão substituídas por títulos
soberanos, a muito longo prazo (30 anos) e à taxa Euribor. Com pagamento anual
de juros acrescido de uma pequena amortização do capital (1 ou 2%) que, assim, se vai
reduzindo.
Nos casos em que esta solução
possa consistir num problema grave ou sistémico para o credor, entrará em cena o Banco Central do país
em questão (para o qual esse problema seja uma realidade), o BCE ou a Reserva
Federal, comprando o todo ou a parte dos tais novos títulos emitidos pelo País
devedor.
Só assim poderá haver alguma saída…
Se hoje o problema está ainda limitado, logo deixará de estar.
E isto aplica-se a todos os países
desenvolvidos endividados. Itália e Espanha, mas também a França e Alemanha, cada uma com dívidas
dez vezes maiores que as dos países hoje com problemas (Grécia, Portugal, Irlanda, Bélgica).
E, logo depois, será a vez dos
Estados Unidos…
É que hoje, o dinheiro (mesmo com
origem nesses países) já não “escorre” para esses lados. O dinheiro não é “democrata” nem “justo”.
Tal como a água escorre em função da gravidade, o dinheiro vai (todo) para onde
fica seguro (junto de mais dinheiro e não onde o mesmo falta) e é rentável. O que só é possível, nos dias de hoje, nos países em desenvolvimento.
O dinheiro
não se distribui um pouco aqui e um pouco ali, consoante as necessidades…
Vai
todo – integralmente - para onde é salvaguardada a sua segurança e a máxima
rentabilidade. Onde essas garantias não existem, resta a seca... pura e dura. A tal liquidez nula.
E quando chegarmos ali, todo o
processo global actual, financeiro e comercial altera-se substancialmente. Era bom que não fosse um processo de rotura e que o mesmo pudesse ser feito com segurança e gradualidade. Teremos governantes à altura de entenderem isto?
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