junho 16, 2011

Reestruturação, crescimento ou superavit?

É recorrente, nestes dias, a avaliação do que pode fazer o País para evitar a bancarrota e a consequente necessidade de reestruturar a dívida (com "hair cut"), já considerada por muitos analistas, como a situação mais provável, na sequência do processo grego. Já se leu que apenas um crescimento económico de 8% evitaria aquele desiderato.

O crescimento e a produtividade são os factores mais determinantes, para a maioria dos entendidos que vão "botando" palavra...

Ora, nesse enquadramento opinativo, alguma coisa não está bem. O crescimento (do PIB) nada dos diz e nada nos garante quanto ao pagamento da dívida que temos. A verdade é que podemos crescer muito e manter os défices que nos provocam (e provocaram) a dívida. O crescimento, por si só, não é determinante.

O que é determinante é o défice. Ou os défices. Esses sim, têm que desaparecer. E o mais rapidamente que for possível.

O défice é a diferença simples entre dois valores: receitas e despesas. Se é verdade que, crescendo economicamente, teremos as receitas aumentadas, a verdade é que nada nos diz quanto às despesas. E esse tem sido o nosso erro nos últimos anos. Tanto se procurou o crescimento, que acabamos por nos empenhar (no exterior) para garantir o referido. Sócrates seguiu essa via (que lhe daria tanto jeito nas eleições de 2009) para procurar esse crescimento (sebastianista). O resultado é o conhecido.

O mais importante é entendermos que não temos forçosamente de crescer. Pelo menos a partir do ponto (nível de vida e dimensão do estado social) actual. Até porque se assim fosse, tudo estaria perdido. A verdade é que temos é que gastar menos, de uma forma equilibrada, em relação à riqueza produzida pela nossa economia, de onde uma parte é (e pode ser) liberta para redistribuição social.

Se assim não fosse estaríamos “fritos”. A verdade é que o crescimento (nos Países desenvolvidos) já é um mito que apenas subsiste na boca dos economistas. É um sebastianismo puro que não vai acontecer. Pelo que vamos mesmo que ter de pagar o que devemos num ambiente de recessão económica. E isso só se faz produzindo mais e consumindo menos. E, ao consumir, assegurando que se faz com base nos bens e serviços de origem nacional.


E, tudo isto será válido, enquanto os EUA se aguentarem. Pois, quando isso deixar de ser possível, tudo o que vivemos parecerá uma brincadeira. Infelizmente para todos nós (nos países desenvolvidos) há muitos chineses a aguardar a sua vez para usufruírem de uma pequena parte daquilo a que nos habituamos nos últimos decénios. E já não estão dispostos a esperar muito...


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