março 25, 2011

Havia um menino que vivia com a mãe...

Havia um menino que vivia com a mãe
Pai-PSD, Mãe-PS, menino: Portugal...

Os pais estavam separados mas lutavam pela preferência do filho e pela tutela deste.
A mãe dava-lhe tudo e, principalmente, muitos doces.
O pai, ia alertando sobre a situação. Mas a criança, que gostava muito dos doces da mãe, foi-se ficando. Sempre que tinha que opinar, preferia a mãe.

A mãe tinha duas irmãs solteiras. Que adoravam o sobrinho. Para além de mais doces, ofereceram-lhe uma consola de jogos e, sempre que havia oportunidade, davam-lhe novos jogos.

O pai bem tentava. Alertava para o que o filho comia e tentava leva-lo a praticar algum desporto. Inutilmente. O desporto significava esforço. E isso, não era fácil impor.

As coisas agravaram-se.
Sem notar, foi ganhando peso e ficou doente. Muito doente.

A mãe consultou um médico. Este receitou uma determinada medicação.

O pai, procurou outro médico. Este, fez o mesmo. Apenas alterou a opção para um genérico, com o mesmíssimo efeito, mas mais barato. E foi avisando que, mais tarde ou mais cedo, seria necessária uma intervenção cirúrgica.

A discussão entre o pai a mãe impôs-se. O pai aumentou a sua insistência sobre a necessidade da criança vir viver com ele. Independentemente dos medicamentos (necessários) e da intervenção cirúrgica (incontornável). O que estava em causa era a “nova vida” que a criança teria que passar a ter, depois de todos os tratamentos necessários.

Quanto à mãe, mantinha a sua insistência no facto de ter dado os remédios certos. E fixava-se aí. Sobre a vida que deu ao filho, nada. Sobre a vida que passaria dar ao filho, depois da fase difícil: seria a mesma.

Era claro que a mãe não teria qualquer possibilidade de lhe dar uma nova vida. Afinal, não conhecia outro tipo de vida. Mas, para a criança, ainda pouco esclarecida, devido à idade, os doces eram atractivos. Afinal, não entenderia uma vida sem eles.

Quanto a viver com as tias, estava fora de questão. Era pior a emenda do que o soneto. Para além do reforço nos doces, mais vida sedentária. Aí, até a mãe entendia.

Continuaram a discutir. O pai e a mãe.
A mãe mantinha-se na sua. Que deu os remédios certos.

O pai dizia: está bem. A marca é indiferente. Não quero discutir os medicamentos. Quero apenas salientar que o problema não está nos remédios, nem sequer na necessidade da intervenção cirúrgica. Isso não é discutível, é incontornável. Ele vai ficar fraco e vai precisar de uma nova vida a partir dessa altura. Não pode cair na mesma. Afinal a doença deve-se, apenas e exclusivamente, à vida que lhe deste.

A mãe, teimosa, mantinha-se na sua: os remédios são os certos e insistia que o pai lhe daria os mesmos. Pelo que, não valeria a pena a criança passar para a tutela do pai. Afinal, dariam ambos os mesmos medicamentos…

Os dois avós entraram na discussão.
Os pais do pai, que viviam próximo, em Boliqueime, acharam que podia ser tempo de voltar a questionar a criança sobre a sua preferência de tutela.

Os pais da mãe, que viviam na Europa e que escolheram o médico, sabiam bem que a filha não teria capacidade para gerir a situação no futuro. Mas, filha é filha pelo que, validavam a fixação dela sobre a correcção da medicação dada. Claro que lhe iam dizendo que era bom que ela começasse a admitir uma ajuda deles no referente à operação necessária. Afinal, não queriam perder o neto, nem queriam que o seu problema pudesse ter efeitos junto aos outros netos dos seus outros filhos.

A mãe, mantinha-se em negação. Não conhecendo outro tipo de vida, estava cega quanto ao seu efeito na doença do filho. E teimava, chorando, que a medicação estava certa e que não seria necessária a operação.

Entenderam todos que se questionasse a criança.
Mal. Pois a criança estava doente, mas ainda não tinha atingido o fundo do problema.
A altura certa seria depois da operação, quando ela estivesse mesmo fraquinha. Aí entenderia bem melhor, o mal que lhe fazia viver com a mãe e poderia optar, mais conscientemente, por viver com o pai.

Mas, enfim. Estava decidido. Resolveram perguntar à criança naquela altura.

A mãe, fula, foi dizendo que estava tudo bem, que estava a dar os remédios certos à criança e que ia evitar sempre a operação. Apesar de todos lhe dizerem que a doença existia e estava lá há muito. E que a operação era inevitável pois os remédios dados, apesar de correctos, tinham efeitos negativos cada vez mais graves.

Continua…

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