março 28, 2011

A grande ilusão

(de que não vamos evitar novas quedas no nível de vida...)


A qualidade de vida dos Portugueses vai descer ainda mais.

Mas essa é uma das consequências do que andamos a fazer nas últimas dezenas de anos. E não do que aconteceu na semana passada...

Estivemos decénios a viver acima das nossas possibilidades, distribuindo o que tínhamos e o que não tínhamos. E o que não tínhamos, pedíamos emprestado...


Chegou a altura de pagar. De descer à realidade. E esta, está bem lá em baixo. Abaixo de onde estamos hoje, mesmo depois de vários PECs.

Essa queda está destinada e vai acontecer.
E ficou garantida, tornando-se incontornável, há anos atrás, quando o socialismo e Sócrates enveredaram pela manutenção da política (suicida) de esquerda. Pedindo emprestado - cada vez mais - para suportar as crescentes despesas públicas...

Com ou sem FMI, vamos cair (primeiro) para, só depois, poder começar a pensar na forma como voltar a crescer. Mas, se estamos num nível de vida de 120 (e só produzindo 100), vamos ter que cair primeiro para os 70 (pois, os 100 que produzimos vão descer para 90 e destes, uma grande parte, ficará destinada ao pagamento das dívidas acumuladas). 


Os 120 de que usufruíamos num passado recente ficarão para a História. O crescimento - futuro - a partir dos 70 será muito complicado, difícil, lento e sem qualquer possibilidade de regresso aquelas condições, irresponsavelmente disponibilizadas nos últimos anos.

Sócrates vai tentar fazer "parar o tempo" da sua responsabilidade, em Março de 2011.
Será essa a base argumentativa para a sua campanha eleitoral.
Caberá ao PSD demonstrar que não se consegue parar uma avalanche a meia encosta...
E também, apresentar caminhos alternativos para o que virá depois do assentamento da situação. Depois da avalanche.

Como compatibilizar essa demonstração - da situação a que se chegará - com o facto da mesma revelar uma situação incomportável para o País e para a Moeda Única face aos mercados, é o próximo problema.

Diz-se que na Irlanda, a intervenção externa não travou (pelo contrário) a queda da produtividade, da economia, do emprego e do nível de vida. E usa-se esse exemplo para pintar mais negra a possibilidade de termos por cá o FMI. 

Infelizmente, aquela queda de todos aqueles indicadores acontecerão também por cá. E serão a consequência e o resultado das governações que tivemos nos últimos anos. Não do que aconteceu na semana passada e também não da crise internacional. Apesar desta última ter criado a escassez de liquidez, a nível mundial, que obrigou os investidores a escolher melhor onde aplicar o seu dinheiro.

E tudo isso respeitou aos portugueses e não ao FMI. Este vem apenas garantir que esse regresso à realidade, essa "vinda à Terra" é feita com uma rede de segurança: o dinheiro que evita a bancarrota do País.

Passos Coelho não vai fazer parar a avalanche a meia encosta. Mas terá de garantir que, depois de tudo amainar, a direcção a tomar seja aquela que possa ser realista e sustentada, a fim de que, depois dos ciclos de Guterres e Sócrates e depois de um pequeno intervalo em que outros (mais uma vez?) venham limpar os estragos, seja aberto caminho, novamente, para que o PS venha novamente sustentar políticas irrealistas que não nos levam a lugar nenhum (que não sejam os pântanos que conhecemos).

O problema passará pela própria democracia. Permitirá a saída desta espiral?

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