março 13, 2011

Gerações rascas e à rasca


Temos a Geração da ditadura
Temos a Geração de Abril
Temos a Geração rasca
E a Geração à rasca

A de Abril fez a revolução e “arrumou” com todo o mal que entranhava o anterior regime. Ou seja, fez bem o seu papel destrutivo. Sem derramamento de sangue. Mas construiu mal o futuro (excepto, talvez, o seu). Desenhou uma Constituição “rumo ao Socialismo” e criou um modelo Social que beneficiou a geração da ditadura. Ou por solidariedade ou talvez, para se salvaguardar a si própria…

Qual esquema de “Ponzi” ou D.Branca, o tal sistema social não era mais do que uma bola de neve a cair pela encosta abaixo. Quem trabalhava (na altura eram muitos) subsidiava os que não o faziam (que na altura eram poucos).

Passaram alguns anos.

Sucederam-se os Governos socialistas e outros, condicionados a opções socialistas. Que pouco ou nada mais fizeram do que perpetuar a situação (entretanto a bola de neve foi crescendo) e enraizar o modelo social, nomeadamente através da cristalização dos direitos adquiridos, invertíveis.

A geração rasca foi rasca na sua juventude, mas logo se integrou. E beneficiou de alguns bons anos (em comparação com o que aí vem) de fundos comunitários e orçamentos empolados. Até que, passados mais uns anos, a Dona Branca faliu e a bola de neve tornou-se incontrolável.

A geração rasca percebeu que o seu futuro estava comprometido. Apesar da maioria viver bem (mais uma vez, em comparação com o que aí vem), apercebeu-se que estava a trabalhar para a reforma da geração de Abril, não tendo qualquer perspectiva de a poder ter como garantida…

A geração à rasca pior está. Nem presente, nem futuro. Vê o mercado de trabalho fechado (pelos que lá estão, mesmo que menos formados e menos produtivos) e até, veja-se bem, as idades de reforma a serem alargadas...

Chegamos ao ponto actual. A geração de Abril entrincheira-se a fim de manter os seus (ilegítimos) benefícios. E não abre mão de nada. A geração rasca, não admite a boa vida que teve e tem (outra vez, comparado com o que aí vem) e protesta contra recuos, mesmo que insignificantes, do seu (ilegítimo) nível de vida. E reclama, legitimamente, por estar a suportar os benefícios da geração anterior que a ela não chegará. Ou melhor, chegará, em forma de dívida e juros por pagar. Finalmente, a geração à rasca protesta por tudo o que não tem e não terá nunca. E, (ilegitimamente) reclama pelo que têm e tiveram as gerações anteriores, na vida activa e na reforma.

Infelizmente, não parece que estejamos a enfrentar o touro pelos cornos…

A geração da ditadura safa-se. Viu melhorada a sua condição.

A geração de Abril defende-se como pode. Mantém rígido e inacessível o acesso aos seus empregos (por outros mais jovens, viçosos e formados). E até alarga o tempo que por lá se manterão para salvaguardar reformas chorudas face ao que descontaram, à custa dos actuais trabalhadores que descontam para esse efeito. Também está à rasca pois as suas trincheiras poderão romper-se…

A geração rasca vive bem, mas está à beira do precipício. Daí que, também, está à rasca.

A actual geração à rasca enfrentará um Mundo totalmente diferente. De que não tem qualquer ideia. O protesto para aceder aos benefícios das gerações precedentes é de uma infantilidade total. Demagogicamente explorada pelos partidos da esquerda anacrónica e parodiada por Jel e Falancio que se devem rir a bandeiras despregadas por detrás das suas máscaras perante o efeito das suas actuações na malta enganada…

Produzimos 100 e gastamos 120.
E isto por tempo demais.
Agora, não basta termos que viver com 100.
Nem com os 90 que vamos passar a produzir.
Vamos ter que nos contentar com os 70 (90 menos os 20 para pagar a dívida acumulada).
Ou com 60 pois haverá (ainda) mais custos sociais com o desemprego que crescerá.
Uma queda de 120 para 60 é uma queda grande.
Não soubemos descer a escada gradualmente. Vamos cair uns andares…

E depois, se reformarmos, poderemos crescer devagarinho, dos 60 ou 70, para os 90 e, se trabalharmos bem, voltamos a subir produções e assim, almejar a uma vida um pouco melhor. Em relação aos 70 para os quais vamos cair. Sem ou com (o mais provável) FMI.

Voltar aos 120? Esqueçam…
Esse foi o nosso erro, criado no 25 de Abril e usufruído por alguns, à custa (vamos viver isso na pele) de outros.

Socialismos.

PS: as intervenções exteriores na Grécia e Irlanda fizeram descer o nível de vida? O que estavam à espera? O FMI vem apenas impor o que é preciso. E o que é preciso é adaptar o nível de vida à produção real. A troco do dinheiro que impede a falência e a rotura total.

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